Luís Marques Mendes comentou este domingo as projeções do Banco de Portugal (BdP), que estimam que o país vai regressar a uma situação deficitária em 2025, com um défice de 0,1% do PIB, contrariando a estimativa de um excedente de 0,3% do Governo. Segundo lembrou, o BdP "é mesmo a única entidade que diz que Portugal pode ter um défice" e, por isso, "é um bocadinho difícil de acreditar" que as restantes entidades "estão erradas". No entanto, não deixa de ser uma "grande notícia" para o ministro das Finanças.
"O Banco de Portugal é mesmo a única entidade que diz que Portugal pode ter um défice no próximo ano. Todas as entidades credíveis dizem exatamente o contrário", afirmou no seu habitual espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC, frisando que o "Banco de Portugal é contrariado pela Comissão Europeia, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pela OCDE, pelo Conselho de Finanças Públicas e pela UTAO".
"Todos dizem que vai haver excedente, confirmam a versão do Governo. Só o Banco de Portugal é que tem uma versão diferente… Pode ser que acerte, mas é um bocadinho difícil de acreditar que estas entidades todas estão erradas e o Banco de Portugal é que está certo", atirou.
Ainda assim, o social-democrata considerou que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, "fez um grande favor ao ministro das Finanças", Joaquim Miranda Sarmento.
E explicou: "Esta é a melhor notícia que podia ser dada ao ministro das Finanças. É uma grande notícia. Primeiro porque lhe baixa as expectativas. Se tiver excedente, o ministro das Finanças é um grande vitorioso. Segundo é que o ministro das Finanças ganha agora uma autoridade muito maior em Conselho de Ministros porque quando quiserem pedir mais dinheiro, mais despesa, o ministro tem mais autoridade para dizer que não".
Debate quinzenal? "Muito pouco esclarecedor" e "muito pouco interessante"
Antes, o comentador falou do debate quinzenal, que ocorreu na quarta-feira na Assembleia da República, com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, mas considerou que "foi muito pouco esclarecedor" e "muito pouco interessante".
"Com todo o respeito pelo Parlamento, acho que este debate não tem a mínima história. E acho que de um modo geral não correu bem a ninguém", afirmou.
Para Luís Marques Mendes, "do lado do Governo nota-se que está numa fase de transição" porque "tinha uma agenda desde abril até ao verão" e "essa agenda esgotou-se". "Agora terminado o Orçamento [do Estado para 2025] vê-se que o Governo ainda não tem uma nova agenda e o debate refletiu isso mesmo", adiantou.
Além do Governo, também o Partido Socialista (PS) não esteve "brilhante". Apesar de ter feito "bem em questionar sobre resultados", o comentador considerou que questionar "nesta fase é ainda um pouco cedo" e "vira-se contra os próprios".
"Como o governo anterior do Partido Socialista esteve em funções durante oito anos e não resolveu estas questões… É um bocadinho difícil de perceber que quer que os problemas sejam resolvidos em oito meses quando não foram resolvidos em oito anos", afirmou.
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