O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) Luís Marques Mendes defendeu, este domingo, a propósito da polémica em torno da operação policial que ocorreu esta semana na zona do Martim Moniz, em Lisboa, que "as forças de segurança não podem ser um saco de boxe" dos responsáveis políticos e que "têm de estar acima da luta política".
No seu habitual espaço de opinião na SIC, Luís Marques Mendes começou por fazer referência ao estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre imigração, divulgado esta semana, referindo que o que mais o "surpreendeu" foi a questão das contribuições para a Segurança Social.
"Aqui sim, surpreende-me, porque esta perceção não condiz com a realidade. Hoje, os imigrantes estão a contribuir para a Segurança Social muito mais do que aquilo que recebem. Ou seja, os imigrantes estão, neste momento, a ajudar a pagar as nossas reformas", sublinhou.
Depois, já sobre a operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, que muitas críticas tem gerado e que até levou a que vinte e uma personalidades tenham enviado numa carta aberta ao primeiro-ministro, acusando o Governo de "ataque ao Estado Social e de Direito", o comentador da SIC disse não acreditar que a ação tenha sido feita com o "objetivo" de "diabolizar os imigrantes".
Ainda assim, frisou que algumas críticas lhe causaram "enorme estranheza" e deixou um recado aos políticos.
"Algumas das críticas a esta operação quase davam a entender que esta era uma operação inédita. Isso é mentira", começou por assegurar, lembrando uma ação semelhante levada a cabo em julho de 2022 no Cais do Sodré, também em Lisboa, "ainda com o Governo anterior" e também "com pessoas encostadas às paredes".
"Algumas destas críticas fazem impressão", sustentou Marques Mendes, lembrando que "estas operações estão previstas na lei" e que se justificam tendo em conta o aumento do tráfico de droga e a existência de "zonas na Área Metropolitana de Lisboa que são muito sensíveis".
"Portanto, é natural que se façam estas operações. Quanto à necessidade, parece-me indiscutível. Legalidade também não está em causa", acrescentou.
"A questão mais delicada é a questão da proporcionalidade: Os meios que foram usados foram exagerados ou foram proporcionais? Eu não domino essas matérias, a PSP deu explicações, mas é legítimo que algumas pessoas possam ainda ter dúvidas", admitiu.
É preciso fazer um apelo, primeiro, aos políticos: é preciso moderação. Os responsáveis políticos têm todo o direito a fazer críticas, mas acho que numa matéria tão sensível como esta devem fazer críticas com equilíbrio. A PSP e as forças de segurança em geral não são do Governo nem da oposição, são do país, e precisam de estar motivadas, prestigiadas, é preciso que haja confiança nas pessoas. As forças de segurança não podem ser um saco de boxe da luta política, têm de estar acima da luta política."
Luís Marques Mendes deixou ainda um outro apelo, desta vez à PSP: "As forças de segurança têm de agir por razões de profissionalismo; o seu critério de intervenção é a lei e as melhores práticas em matéria de segurança, também não se podem deixar instrumentalizar - nem à Esquerda nem à Direita".
"Temos de acreditar que estão a fazer o seu papel", concluiu.
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