"O PS vai chamar o diretor executivo do SNS e a administração dos Serviços Partilhados [do Ministério da Saúde] ao parlamento. Consideramos que o acesso às urgências hospitalares em determinadas regiões do país continua em crise, um pesadelo de verão que tomou conta também do inverno", afirmou o deputado do PS João Paulo Correia em declarações à agência Lusa.
João Paulo Correia considerou que os problemas nos acessos às urgências que se verificaram nos últimos dias - como o encaminhamento de doentes para urgências encerradas - mostram que "o Governo e a senhora ministra têm sido manifestamente incapazes de desenvolver medidas para responder" à situação no SNS.
Entre as críticas feitas ao Governo, o deputado do PS afirmou que a obrigatoriedade de se ligar ao SNS24 antes de aceder às urgências foi "uma medida errada" e que "não foi bem preparada pelo Governo".
"As falhas que ocorreram estes dias na linha SNS24 mostram não só que o Governo não conseguiu resolver o problema do encerramento das urgências de obstetrícia, ginecologia e pediatria, como também não conseguiu encontrar na linha SNS24 alternativa para responder a essa crise", disse, defendendo que o plano de emergência para a saúde apresentado pelo Governo se revelou "um falhanço".
Por outro lado, o deputado do PS manifestou também preocupação com "as demissões em catadupa que o Governo está a fazer pelo país fora em conselhos de administração de muitos hospitais", entre as quais o da Unidade Local de Saúde (ULS) da Lezíria, demitido esta sexta-feira.
"Estar a provocar demissões de administrações que se encontram em funções em pleno inverno, em plena crise de acesso às urgências, é repetir um erro que custou muito ao SNS e a muitos cidadãos e que foi cometido pelo Governo quando forçou a queda do anterior diretor executivo do SNS às portas do verão", advertiu.
João Paulo Correia criticou ainda o primeiro-ministro por "continuar em silêncio sobre os problemas que diariamente ocorrem no SNS", defendendo que é altura de Luís Montenegro "dar uma explicação ao país", e considerou que, após oito meses de governação, o executivo "teve todas as condições" para resolver a situação e "não pode passar culpas a nenhuma outra entidade e a nenhum outro responsável político anterior".
Questionado se, dadas estas críticas ao Governo, o PS não pretende também chamar a ministra da Saúde ao parlamento, João Paulo Correia afirmou que o diretor executivo do SNS, António Gandra d'Almeida, "tem pautado a sua postura pelo silêncio ou por palavras muito vagas ou até alarmistas".
"Julgo que é, neste momento, em primeiro lugar, altura de pedir responsabilidades ao diretor executivo do SNS, que tem aqui um papel fundamental na coordenação do acesso às urgências hospitalares, e à própria organização das urgências hospitalares", disse, acrescentando que, em função da audição de António Gandra d'Almeida, o PS ponderará se também vai pedir para ouvir Ana Paula Martins.
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