O antigo presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio, denunciou, esta terça-feira, uma publicação realizada pelo partido populista de Direita Chega, que fazia menção à operação policial levada a cabo no Martim Moniz, em Lisboa, apelando que várias personalidades do Partido Socialista (PS) fossem encostadas “à parede”.
“Com a mesma convicção com que, em nome da liberdade e da democracia, me insurgi contra o Estado Novo e contra a Esquerda em 1974/75, tenho de dizer que este post não é aceitável numa sociedade livre, por mais divergências que possamos ter entre nós. O regime está mesmo doente”, escreveu o social-democrata, na rede social X (Twitter).
A publicação do Chega incluía nomes como o antigo primeiro-ministro, António Costa, o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, e a líder parlamentar dos socialistas, Alexandra Leitão, diante de um agente da PSP.
“Salvar Portugal. Era tudo a encostar à parede”, lê-se.
Com a mesma convicção com que, em nome da liberdade e da democracia, me insurgi contra o Estado Novo e contra a esquerda em 1974/75, tenho de dizer que este post não é aceitável numa sociedade livre; por mais divergências que possamos ter entre nós. O regime está mesmo doente. https://t.co/ouraV2cJLd
— Rui Rio (@RuiRioPT) December 31, 2024
Na descrição, o partido extremista considerou ser “o mínimo que merece quem destruiu Portugal com corrupção, traição e políticas de ódio contra as polícias e os portugueses”.
“O Chega está aqui para varrer esta ‘bandidagem’ e devolver o poder aos polícias. Sem perdão, sem hesitação”, complementou.
Entretanto, dezenas de personalidades assinaram o texto de uma queixa que está a ser preparada para entregar em janeiro à provedora de Justiça, a propósito da operação que deixou dezenas de imigrantes virados para a parede durante duas horas. O documento está a circular através das redes sociais, assim como a convocatória para uma manifestação agendada para dia 11 de janeiro, que descerá a Avenida Almirante Reis, em direção ao Martim Moniz, em Lisboa.
A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) decidiu também abrir um processo administrativo "de natureza não disciplinar" sobre esta ação, que decorreu na tarde de dia 19 de dezembro, quando um forte dispositivo policial cercou a Rua do Benformoso, onde há uma grande comunidade de cidadãos do subcontinente indiano.
Dois homens, ambos de nacionalidade portuguesa, foram detidos, um por posse de arma proibida e droga e outro por suspeita de pelo menos oito crimes de roubo.
A operação da PSP tem sido criticada por associações de imigrantes, grupos antirracismo e várias forças políticas, que acusam a polícia de estar ao serviço da propaganda do Governo contra os cidadãos estrangeiros irregulares.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também considerou que as ações da polícia devem ser feitas com recato.
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