A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou esta segunda-feira que a ida do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, à tomada de posse de Daniel Chapo como presidente de Moçambique "dá um sinal errado", "descurando a contestação em torno dos resultados eleitorais" e a "necessidade de preservar os valores democráticos".
"Portugal dá um sinal errado ao fazer-se representar por Paulo Rangel na tomada de posse de Daniel Chapo como Presidente de Moçambique, descurando a contestação em torno dos resultados eleitorais e a necessidade de preservar os valores democráticos e respeito pelos direitos humanos", começou por escrever a também deputada na rede social X (antigo Twitter).
Segundo Sousa Real, Portugal "deveria assumir um papel de mediador".
"Pelos laços fraternos que temos com Moçambique, Portugal não pode reconhecer os resultados eleitorais (mesmo que implicitamente) e deveria assumir um papel de mediador, que contribua para o fim do clima de violência que se está a viver", defendeu.
Portugal dá um sinal errado ao fazer-se representar por Paulo Rangel na tomada de posse de Daniel Chapo como Presidente de Moçambique, descurando a contestação em torno dos resultados eleitorais e a necessidade de preservar os valores democráticos e respeito p/ direitos humanos.
— Inês Sousa Real (@InesSousaReal) January 13, 2025
"Os apelos do povo moçambicano por uma mudança e maior democratização do sistema eleitoral, assim como transparência do ato eleitoral não devem ser descurados em detrimento de interesses económicos ou do status quo da Frelimo", completou.
De recordar que Portugal vai estar representado na posse de Daniel Chapo como novo presidente de Moçambique pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse à Lusa fonte da Presidência da República Portuguesa.
A posse de Daniel Chapo como presidente de Moçambique, cargo no qual irá suceder a Filipe Nyusi, está marcada para quarta-feira.
A data da posse do novo presidente foi fixada em 02 de janeiro pelo Conselho Constitucional de Moçambique, depois de em 23 de dezembro ter proclamado Daniel Chapo como vencedor das contestadas eleições de 09 de outubro.
Segundo o Conselho Constitucional, o candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) - partido no poder desde a independência do país, em 1975 - venceu com 65,17% dos votos a eleição para Presidente da República.
Nas eleições gerais de 9 de outubro os moçambicanos votaram para eleger a Assembleia da República, assembleias e governadores provinciais e Presidente da República.
Esse processo eleitoral foi criticado por observadores internacionais, que apontaram várias irregularidades, e gerou violência e protestos nas ruas, incitados por Venâncio Mondlane, candidato a presidente que teve o apoio do partido Podemos e que reclamou vitória.
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