Em Washington, onde participou nas cerimónias de tomada de posse de Donald Trump, Ventura viu um alinhamento do magnata republicano "com a direita europeia", que luta "para que a ideologia de género seja varrida das escolas".
"Eu gostava de destacar duas coisas [do discurso de tomada de posse de Trump], que acho que mexeram muito com a (...) direita europeia que está cá comigo: a questão económica, uma economia livre, uma economia sem a burocracia, sem o peso que o socialismo geralmente mete na economia; e a questão da ideologia de género", começou por dizer André Ventura aos jornalistas portugueses na capital norte-americana.
"Eu acho que o Donald Trump ter dito que há dois géneros, há o masculino e o feminino, talvez para muita gente, ou para uma parte importante da classe média trabalhadora, isto não seja um assunto relevante, mas nós hoje sabemos que há uma luta civilizacional de ideologia de género nas escolas. E acho que o Donald Trump prometeu acabar hoje [segunda-feira], claramente, desde Washington, com essa ideologia de género", avaliou o presidente do Chega.
O Governo federal norte-americano deve reconhecer apenas dois sexos - masculino e feminino -, de acordo com uma ordem executiva que Donald Trump deverá assinar em breve.
A ordem reverteria os esforços do Governo de Joe Biden para ampliar as designações de identidade de género.
"A partir de hoje, será a política oficial do Governo dos Estados Unidos que existam apenas dois géneros: masculino e feminino", declarou Trump durante o seu discurso de tomada de posse na segunda-feira, dando um passo inicial para cumprir uma das suas promessas de campanha.
A medida foi celebrada por André Ventura, que integrou a comitiva dos Patriotas pela Europa (extrema-direita), terceiro maior grupo político do Parlamento Europeu, que esteve presente na tomada de posse de Donald Trump.
"Eu acho que hoje o Donald Trump, ao dizer que um homem é um homem e uma mulher é uma mulher, diz o óbvio, mas diz que vai alinhar com a direita europeia. É importante dizer isto, porque a direita europeia tem feito esta luta há muito tempo (...) para que a ideologia de género seja varrida das escolas", advogou o presidente do Chega, que admitiu não ter falado com Trump durante a deslocação a Washington.
Apesar de concordar com várias das medidas prometidas por Trump, André Ventura garantiu que discorda do perdão concedido pelo republicano aos invasores do Capitólio, que levaram a cabo um violento ataque contra o Capitólio em 06 de janeiro de 2021 com o objetivo de travar a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden.
"Eu discordo. Tenho uma posição de discordância sobre isso. Não é uma questão de perdoar ou não. Eu acho que nós devemos interferir na justiça o menos possível", defendeu o político português.
"Nós não temos que estar de acordo em tudo. E acho também que tem que ficar claro, porque nós europeus temos uma linha de pensamento diferente dos americanos nesta matéria, é que nós podemos concordar e discordar com a imprensa, com as instituições, com os grupos sociais", sublinhou.
Segundo o presidente do Chega, a violência e o ataque às instituições são "o limite".
"Para nós a democracia é mesmo sagrada. E eu acho que um Presidente deve interferir o menos possível na justiça. Agora, vamos ser francos também, o Presidente Biden perdoou o próprio filho. E, portanto, deu um péssimo sinal à justiça no mundo inteiro", avaliou ainda.
Donald Trump perdoou na segunda-feira os acusados do ataque ao Capitólio, numa das primeiras ordens executivas que assinou poucas horas depois de tomar posse como Presidente.
Trump assinou o perdão presidencial e a comutação de penas no Salão Oval da Casa Branca, onde sublinhou que há cerca de 1.500 pessoas a beneficiar desta medida, a quem chamou de "reféns" e "patriotas".
Além dos perdões, há seis comutações.
Em 06 de janeiro de 2021, uma multidão de apoiantes de Trump invadiu a sede da democracia dos Estados Unidos para tentar, sem sucesso, impedir a ratificação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro de 2020 - das quais Trump saiu derrotado.
Trump foi acusado perante um tribunal federal no Distrito de Columbia de ter incitado a insurreição ao denunciar falsamente a fraude eleitoral sabendo que tinha perdido essas eleições.
Contudo, o procurador especial do caso, Jack Smith, encerrou recentemente a acusação, após a vitória eleitoral de Trump em novembro passado, uma vez que o Departamento de Justiça não processa Presidentes em exercício.
Quatro pessoas morreram no ataque ao Capitólio e mais de 140 agentes policiais ficaram feridos.
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