Da desfiliação à... Vinted. 'Bagagem' de Arruda fica (ainda) mais pesada

O açoriano apontou que, enquanto se defende, não pode estar "conotado com qualquer tipo de partido", apesar de ter reiterado que dorme "descansado e de consciência tranquila", por estar "inocente". Entretanto, a descoberta de uma conta na Vinted adensou a trama.

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© Facebook/Miguel Taveira Arruda

Daniela Filipe
24/01/2025 08:37 ‧ há 4 horas por Daniela Filipe

Política

Miguel Arruda

O deputado Miguel Arruda, eleito pelo partido populista de Direita radical Chega no círculo dos Açores, anunciou, na quinta-feira, que deixaria de integrar o grupo parlamentar do coletivo encabeçado por André Ventura e que passaria à condição de independente, por forma a "proteger o partido". O açoriano, que foi constituído arguido por ser suspeito de furtar malas nos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada, reforçou, contudo, que dorme "descansado e de consciência tranquila", tendo reiterado estar inocente das acusações. Pelo meio, surgiu uma conta na plataforma Vinted que tornou a sua 'bagagem' ainda mais pesada.

 

"Irei desfiliar-me para proteger o partido, de modo a que o processo decorra normalmente nos tribunais. Vamos aguardar o tempo da justiça", disse Miguel Arruda, em declarações à imprensa, na sequência de uma reunião de cerca de meia hora com o presidente do Chega.

O açoriano justificou ainda que, enquanto se defende, não pode estar "conotado com qualquer tipo de partido", apesar de ter reiterado que dorme "descansado e de consciência tranquila", por estar "inocente".

"Uma pessoa só é julgada e condenada num sítio próprio, perante um juiz, não é na praça pública. Já expliquei tudo no sítio certo. As malas que estavam em minha casa são minhas. Num mais curto espaço de tempo essa situação toda ficará esclarecida", reforçou.

Não tinha nenhuma plataforma na Vinted, se tinha era antiga, alguma coisa antiga

Confrontado com a existência de uma conta com o nome de utilizador ‘miguelarruda84’ numa plataforma de venda de artigos em segunda mão - que foi, entretanto, apagada -, o deputado, nascido em 1984, negou que fosse sua, ainda que tenha atirado 'as culpas' para a esposa.

"Não tinha nenhuma plataforma na Vinted, se tinha era antiga, alguma coisa antiga. […] Não sei do que fala. A minha esposa fazia qualquer coisa deste género, mas não lhe sei dizer em concreto. [...] Não apaguei, deve estar [disponível] com certeza", disse.

Da IA à

Da IA à "caça às bruxas" (e à Vinted): Arruda explica polémica com malas

O caso que envolve o deputado do Chega Miguel Arruda teve, esta quinta-feira, mais um 'episódio', com o parlamentar a desfiliar-se do partido. Numa entrevista à TVI, Arruda deu ainda explicações sobre uma possível conta na Vinted - a que foi associado -, alegando que não será sua, mas sim da sua esposa.

Notícias ao Minuto | 22:00 - 23/01/2025

Miguel Arruda reiterou estas declarações numa entrevista concedida à TVI, tendo adiantado que poderá ter vendido "umas camisas da Primark".

"Tenho memória de ter criado uma conta para vender umas coisas, não sei se cheguei a vender. Acho que cheguei a comprar mais [do que vendi]. […] Não fazia negócios, se fazia era de umas camisas minhas da Primark ou lá o que é, porque depois eu emagreci, como devem ter visto nos últimos tempos", explicou.

No entanto, o açoriano voltou a equacionar que a esposa poderia ter estado por detrás da conta, "para se entreter um bocadinho".

O parlamentar socorreu-se ainda do segredo de justiça para se escusar a dar explicações sobre o caso que pende sobre si, apesar de ter assegurado que, quando foi apanhado em flagrante, estava a cometer um "lapso".

"Até trânsito em julgado, estarei inocente. Estamos num Estado de Direito. O tempo da caça às bruxas já acabou", disse.

Miguel Arruda foi mais longe, tendo considerado que as imagens de videovigilância que o mostram a recolher malas podem ter sido adulteradas com recurso a Inteligência Artificial, tendo em conta "as novas tecnologias".

"Com o desenvolvimento dos tempos e da maneira que me querem crucificar, já cheguei a pensar que isto tem conotações políticas, por andar a atacar certos e determinados interesses que estão instalados nesse país. Quando comecei a atacar esses interesses, fui logo atacado, fui logo silenciado", equacionou.

O açoriano, que disse que lhe foram apreendidas quatro malas nos Açores e três na sua residência na capital, garantiu que a bagagem que transportava era sua e que servia para guardar "mercadoria" de sites como Vinted, AliExpress, Shein ou Temu, "que chega muito mais rapidamente ao continente".

Ventura diz que foi

Ventura diz que foi "implacável" com Arruda: "Haveria consequências"

O líder do Chega, André Ventura, notou que a situação que envolve o deputado Miguel Arruda, acusado de furto, é perturbadora. Recusando dizer se acredita ou não na sua inocência, Ventura explicou que se a bagagem fosse toda do parlamentar, "a PSP não se tinha mobilizado em operação".

Teresa Banha | 18:08 - 23/01/2025

De qualquer modo, o líder do Chega apontou que as "explicações não foram dadas", razão pela qual "não vacilou" face ao "bom senso partidário".

"Há factos que não são uma questão da vossa interpretação, é uma questão do que nos entra pela casa. […] Ora, há factos aqui que são perturbadores, que é o facto de haver imagens de vigilância com três malas a entrar e uma a sair. […] Se as malas eram dele, que eu acredito que possam ser eventualmente algumas malas dele, a Polícia de Segurança Pública certamente não se teria mobilizado para ir numa operação policial a casa para procurar descobrir essas malas", disse André Ventura, após a reunião com Miguel Arruda.

O responsável, que alertou o parlamentar que poderia ser alvo de uma ação disciplinar a nível interno caso não abandonasse o partido, sublinhou que "os deputados do Chega têm que dar um exemplo de transparência e de integridade".

"Perante uma situação em que tem que tomar uma decisão de ética e de transparência, o Chega, ao contrário dos outros partidos, não vacilou", complementou.

O líder do Chega/Açores, por seu turno, confessou que preferia que Miguel Arruda tivesse suspendido o mandato.

"Resolveu passar a independente e evoca as razões para defesa do partido. A partir deste momento, deixa de ser um assunto partidário em que eu não tenho nada a dizer. É um assunto do fórum pessoal. Espero que ele consiga provar a sua inocência", disse José Pacheco à Lusa.

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