"A candidatura de Marques Mendes representa tudo o que é mau na política. Representa a cedência ao lobismo, a cedência aos interesses de corredores e de bastidores, a cedência àquilo que é a podridão do sistema partidário que há 50 anos domina Portugal", afirmou André Ventura, acrescentando que é "a todos os títulos uma traição àquilo que o eleitorado de direita e a direita portuguesa representam".
O líder do Chega e anunciado candidato a Belém com o apoio do seu partido, comentou, em conferência de imprensa de imprensa na sede, em Lisboa, a candidatura a Presidente da República do antigo líder do PSD Luís Marques Mendes.
André Ventura referiu o facto de Marques Mendes ter tido durante os últimos anos um espaço de comentário político na SIC e acusou-o de ter aproveitado essa exposição mediática em proveito próprio.
O líder do Chega acusou-o também de ter feito um acordo com o primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, "para que ambos retirassem ajuda mútua de uma situação política vantajosa e do aproveitamento político-mediático de um espaço de televisão e de comentário semanal".
"Luís Marques Mendes fez o jogo de António Costa quando o governo de António Costa estava sólido na maioria absoluta e tornou-se o maior aliado de Luís Montenegro nas televisões ao longo dos últimos meses, e agora vimos saber que o governo do PSD apoia a candidatura de Luís Marques Mendes", disse.
Ventura alegou que "houve uma troca de favores entre Luís Marques Mendes e Luís Montenegro", considerando tratar-se de "uma promiscuidade que não se pode aceitar".
"Marques Mendes ajudaria no comentário político fundamental, persistente, à candidatura de Luís Montenegro e do PSD à liderança do Governo, em troca o primeiro-ministro manteria o acordo de apoiar Marques Mendes para uma candidatura presidencial", sustentou.
Lembrando que o também antigo comentador televisivo Sebastião Bugalho foi cabeça de lista da AD nas eleições europeias do ano passado, o presidente do Chega acusou o PSD de "comprar comentadores, condicionar comentadores, prometer-lhes lugares e apoio político".
Na sua opinião, o até agora comentador político "não representa o eleitorado da direita", foi "um lacaio de Marcelo Rebelo de Sousa" e a sua candidatura foi "a solução para evitar candidaturas como a de Pedro Passos Coelho ou de outros da área do PSD".
André Ventura defendeu ainda "a necessidade" da sua candidatura à Presidência da República, que será apresentada em 28 de fevereiro.
"A corrupção que graça neste país obriga a que haja um Presidente ou uma candidatura presidencial capaz de enfrentar este sistema instalado, capaz de dizer não à imigração ilegal, capaz de dizer sim à segurança coletiva, capaz de dizer sim ao combate à corrupção. Nenhum destes outros dois candidatos será capaz de fazer isto, porque precisamente representam o pior que o sistema teve ao longo dos últimos anos", defendeu, referindo-se a Marques Mendes e a António Vitorino, que tem sido apontado como possível candidato presidencial apoiado pelo PS.
No caso de haver uma segunda volta nas eleições de janeiro do próximo ano, voltou a dizer que nunca indicará ao partido para votar em Marques Mendes, nem que a disputa seja entre o antigo líder do PSD e uma pessoa ligada à esquerda. Nesse caso, o Chega não apoiará "nenhum dos candidatos", indicou.
Sobre o congresso do partido, que o líder tinha anunciado para o início deste ano, disse que quer esperar pela decisão do Tribunal Constitucional sobre os estatutos do partido, depois de vários chumbos.
[Notícia atualizada às 20h35]
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