Esta iniciativa foi aprovada apenas com o voto contra do deputado não inscrito Miguel Arruda, ex-parlamentar do Chega.
O voto de pesar, apresentado pelo presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, recorda que Maria Teresa Horta, que morreu na segunda-feira aos 87 anos, foi poetisa, escritora e jornalista, e enaltece o seu "percurso de vida marcado pela resistência ao fascismo e pelo ativismo em defesa da democracia e da emancipação da mulher".
"Em 1972, escreveu, com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, as Novas Cartas Portuguesas (1972), obra seminal do pensamento feminista português e texto decisivo de oposição ao Estado Novo. O livro, que denunciava a situação política do país, a guerra colonial, a condição da mulher, a emigração e a falta de perspetivas para o futuro dos jovens, agitou a consciência pública do país e desembocou num processo judicial politicamente motivado", é recordado.
Já em democracia, continua o pesar, Maria Teresa Horta "permaneceu uma empenhada defensora dos direitos humanos e da liberdade".
Colaborou como jornalista com diversas publicações, nomeadamente, o extinto «A Capital», "onde coordenou com grande qualidade o suplemento Literatura e Arte" e foi diretora da revista «Mulheres», na qual "entrevistou grandes vultos femininos da política, cultura e sociedade".
O texto relembra ainda que Maria Teresa Horta recebeu diversos prémios literários, entre os quais o Prémio Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores, em 2014, e a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura, em 2020.
Foi também declarada Doutora 'Honoris Causa' pelo ISPA Instituto Universitário e, em 2024, a BBC considerou-a "uma das cem mulheres mais influentes do mundo".
Recebeu, em 2004, o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, e, em 2022, o de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.
Os deputados manifestaram o seu "profundo pesar" pela morte da poetisa, "figura cuja obra e cujo empenho cívico criaram lastro na cultura do país".
"O legado que nos deixa na literatura e na poesia, no jornalismo e na causa pública continuará a marcar a nossa vida comum", termina o texto.
Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi dirigente do ABC Cine-Clube e militante ativa nos movimentos de emancipação feminina.
Leia Também: "A sua morte é uma perda para a literatura. Também para a liberdade"