"Sabemos que é possível derrotar Carlos Moedas em Lisboa e dar uma lição às direitas raivosas no país. É possível levantar outra cidade, uma Lisboa de verdade, uma cidade de liberdade, que é como queremos que seja Lisboa. Mas nada está garantido. Que ninguém pense que tem no bolso os votos que dão a maioria em Lisboa para derrotar Carlos Moedas", alertou Mariana Mortágua.
A coordenadora do BE discursava no almoço de lançamento da candidatura da bloquista Carolina Serrão à autarquia de Lisboa, na capital, numa altura em que os bloquistas ainda deixam em aberto a possibilidade de uma coligação pré-eleitoral com forças à esquerda, como PS, Livre e PAN
Mortágua pediu ainda que "ninguém se iluda sobre a exigência do trabalho e do desafio" que está em causa nas eleições autárquicas deste ano, e insistiu que "é preciso juntar forças".
A coordenadora bloquista salientou que vai ser preciso ouvir e mobilizar "moradores, associações, trabalhadores, ativistas pela habitação, ativistas pelo clima" e ainda "um programa que seja capaz de dar esperança aos lisboetas e convencer as pessoas que vivem em Lisboa que nada será como dantes".
"Que o alojamento local é sim para controlar e que as casas são para viver, as casas são para morar e para pagar com o salário. A prioridade das prioridades é quem vive em Lisboa e menos do que fazer isto, ter este programa transformador de esperança, menos que isto, será muito pouco para o desafio que temos pela frente, que é de devolver Lisboa à sua gente", advertiu.
Perante uma plateia que contou com figuras do partido como o ex-líder bloquista Francisco Louçã, Mariana Mortágua fez questão de referir que entre 2017 e 2021, quando o socialista Fernando Medina presidia à autarquia da capital, o BE foi "responsável por dois pelouros executivos em Lisboa, Direitos Sociais e Educação".
"Não era o nosso pelouro e por isso podem não sabê-lo, mas todas as casas de habitação pública inauguradas por Carlos Moedas neste mandato são fruto de uma exigência do BE em 2017. O presidente da Câmara de Lisboa não tem nada que agradecer, fizemos isso por convicção e determinação do nosso programa", ironizou.
Mortágua elencou várias das "conquistas" do BE na vereação da capital, como a criação de "um modelo para acolher pessoas em situação de sem-abrigo", a "primeira linha municipal de apoio a vítimas de violência doméstica", um programa de "manuais escolares gratuitos" e ainda "um plano para integrar imigrantes que Carlos Moedas agora despreza".
"Em 2021, quando o poder lhe caiu no colo, sem que tenha feito muito por isso, a prioridade de Carlos Moedas foi pegar neste trabalho, nestas experiências inovadoras, neste esforço e deitar tudo ao lixo. Em quatro anos, o homem que já foi executivo da Goldman Sachs, mordomo da 'troika', fez-se um aprendiz de Napoleão em Lisboa", criticou.
A bloquista acusou ainda Moedas de ter agitado "as mentiras sobre a imigração e a criminalidade e fê-lo contra todas as evidências e os dados da PSP e da PJ".
"Mentiu sobre segurança, mas nunca pôs um pé nem no Martim Moniz nem no Benformoso para perguntar aos imigrantes de que é que trabalham, como é que vivem, como é que veem o policiamento. Nunca", criticou, num dos momentos mais aplaudidos da sua intervenção.
Mortágua deixou elogios à vereadora na capital que está de saída, Beatriz Gomes Dias, "que melhor desmascarou a propaganda de Carlos Moedas e a sua política cínica", e manifestou confiança de que Carolina Serrão "será com certeza uma grande vereadora".
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