Em declarações hoje à agência Lusa, Magna Costa justificou a decisão de passar a deputada não inscrita com vários desentendimentos com o presidente do Chega/Madeira ao longo dos últimos meses e com declarações públicas proferidas na sexta-feira por Miguel Castro.
A deputada disse ter sido alvo de "assédio laboral e moral" e impedida por diversas vezes de exercer a sua função de deputada por parte do partido.
Magna Costa realçou que "a gota de água" foram declarações proferidas na sexta-feira a um orgão de comunicação por Miguel Castro, que afirmou que a deputada "não representava qualquer partido político" e que era uma deputada em fim de mandato.
A agora deputada independente, que disputou eleições internas com Miguel Castro em setembro do ano passado e perdeu, considerou que o líder regional deve "ser exemplo" e não "humilhar ou ofender" outros eleitos, salientando que o seu mandato só termina após as eleições regionais antecipadas de 23 de março.
Magna Costa indicou ainda que as declarações do presidente do Chega/Madeira surgiram na sequência de ter apresentado à direção nacional do partido uma lista alternativa de candidatos às eleições legislativas regionais.
Em 04 julho do ano passado, Magna Costa votou contra o Programa do Governo Regional (PSD) para a legislatura 2024-2028, contrariando o sentido de voto dos outros três deputados, que se abstiveram e, dessa forma, contribuíram para a aprovação do documento.
Mais tarde, em 17 de julho, não participou na sessão plenária da votação final global do Orçamento da região autónoma para 2024, o primeiro apresentado por um governo minoritário social-democrata e previamente negociado com partidos da oposição.
Na altura, o líder regional do Chega, também deputado na Assembleia Legislativa, Miguel Castro, admitiu que Magna Costa andava "completamente desalinhada com o grupo parlamentar" desde a noite das eleições de 26 de maio.
A deputada reagiu explicando ter votado o Programa do Governo Regional em consonância com as "bandeiras e diretrizes de combate à corrupção" defendidas pelo Chega.
Na lista às eleições regionais antecipadas de 23 de março que o Chega entregou na sexta-feira no Tribunal do Funchal não consta o nome de Magna Costa. A lista é encabeçada pelo líder regional do Chega/Madeira, seguindo-se Manuela Gonçalves, Hugo Nunes, Celestino Sebastião e Roberto Gonçalves.
O Governo Regional minoritário do PSD foi derrubado em 17 de dezembro de 2024 com a aprovação da moção de censura apresentada pelo Chega, que a justificou com as diferentes investigações judiciais envolvendo o chefe do executivo, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos. Entretanto, o inquérito de um deles -- Eduardo Jesus, secretário de Economia, Turismo e Cultura - foi arquivado pelo Ministério Público.
A aprovação da moção de censura, inédita no arquipélago, implicou, segundo o respetivo o Estatuto Político-Administrativo, a demissão do Governo Regional, constituído em 06 de junho do mesmo ano, que permanecerá em funções até à posse do novo executivo.
Face a esta situação política, e depois de convocar o Conselho de Estado, em 17 de janeiro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou a decisão de dissolver o parlamento madeirense e convocar novas eleições regionais antecipadas em 23 de março -- o terceiro sufrágio em cerca de um ano e meio.
Leia Também: Chega acredita que será premiado por ter contribuído para derrubar Governo