À margem de uma visita a um conjunto habitacional em Almada, cuja primeira pedra tinha lançado como ministro da Habitação em 2019, Pedro Nuno Santos foi questionado sobre o anúncio feito na véspera pelo líder do Chega de que avançará com uma moção de censura se o primeiro-ministro, Luís Montenegro, não der explicações em 24 horas quanto ao caso da empresa de compra e venda de imóveis que é propriedade da mulher e dos filhos.
"Eu não dou para o peditório de iniciativas do partido de extrema-direita que têm como único objetivo desviar as atenções dos seus problemas internos. Agora isso não quer dizer que nós não continuemos à espera das explicações", criticou.
O líder do PS começou por referir que, no sábado, ele próprio já tinha pedido explicações até se mostrou convicto que "há boas explicações para todos os casos".
"Por isso mesmo é importante que elas sejam dadas porque, sem explicações, as críticas e as suspeitas adensam-se desnecessariamente. Um primeiro-ministro, como qualquer político, tem a obrigação de prestar esclarecimentos quando há dúvidas. Esses esclarecimentos devem ser dados", insistiu.
Perante a insistência dos jornalistas quanto a um eventual sentido de voto, caso o Chega efetivamente avance com a moção de censura, Pedro Nuno Santos, que disse compreender que as perguntas têm que ser feitas, reiterou que não vai "dar para o peditório da iniciativa do Chega".
"O Chega tem como único objetivo, e qualquer um consegue perceber, desviar as atenções dos seus problemas internos. Eu não vou contribuir para o debate sobre a iniciativa do Chega", insistiu.
O líder do PS voltou ainda a criticar o facto de Luís Montenegro não dar respostas aos jornalistas desde o dia 20 de janeiro, com a exceção de 03 de fevereiro, quando não falou "sobre problemas nacionais" e apenas da candidatura presidencial que apoia.
"Eu não acho normal que um primeiro-ministro esteja quase há um mês sem se colocar perante jornalistas e responder a perguntas. O senhor primeiro-ministro fez uma remodelação. Qualquer primeiro-ministro dá explicações sobre a remodelação que faz", condenou.
Após a substituição de membros do Governo em seis ministérios diferentes, Pedro Nuno Santos não acha normal que não haja explicações.
No sábado, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, classificou como "absurda e injustificada" a sugestão que poderá existir um conflito de interesses pela possibilidade de a empresa imobiliária da sua família poder beneficiar da recente revisão da lei dos solos aprovada recentemente pelo Governo.
Segundo a notícia do Correio da Manhã de sábado, a mulher e os dois filhos do primeiro-ministro têm uma empresa de compra e venda de imóveis, de que Luís Montenegro foi fundador e gerente e uma vez que casou com comunhão de adquiridos, segundo o jornal, o primeiro-ministro poderia beneficiar dos proveitos, algo negado por Luís Montenegro.
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