Na carta dirigida ao ministro da Economia e assinada pelo deputado comunista Alfredo Maia lê-se que a referida decisão "poderá ter como principal objetivo a redução de custos, permitindo ao grupo manter a sua atividade sem os compromissos laborais com estes trabalhadores, ao mesmo tempo que continua a beneficiar de apoios do erário público".
Assinalando que o despedimento coletivo "coloca em risco a estabilidade de 45 trabalhadores e das suas famílias, gerando um impacto social e económico significativo", o PCP sublinha que a CaetanoBus dedica-se ao fabrico de carroçarias para autocarros e integra um dos principais grupos industriais do país, o Grupo Salvador Caetano.
Para o PCP, a situação torna-se "ainda mais preocupante num setor altamente rentável, onde os lucros das empresas atingiram valores recorde nos últimos anos".
"Só em 2024, foram produzidos em Portugal 332.546 veículos, um aumento de 4,5% face a 2023, e foram colocados em circulação 249.269 veículos, mais 5,6% do que no ano anterior", sustenta o partido, sublinhando que embora "a elevada qualificação dos trabalhadores do setor automóvel, persistem (...) baixos salários, intensificação dos ritmos de trabalho, doenças profissionais e o impacto do trabalho por turnos".
E prossegue: "não estamos perante uma crise do setor, mas sim perante uma tentativa de contenção salarial, aumento da exploração laboral e chantagem com ameaças de despedimentos e deslocalizações".
Perante isto, o PCP pergunta aos Ministérios do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e da Economia, que informações possui o Governo sobre a situação descrita e que medidas irá tomar para garantir a manutenção dos postos de trabalho e a salvaguarda dos direitos dos trabalhadores afetados.
Na carta, o deputado pergunta também de que forma pretende o Governo impedir a deslocalização destes serviços para o estrangeiro, protegendo trabalhadores altamente qualificados, essenciais ao desenvolvimento do setor e do país e que acompanhamento tem sido feito por estes ministérios em relação à empresa.
No documento, o PCP questiona ainda se a empresa tem dívidas à Segurança Social, solicitando, em caso afirmativo, informação detalhada, bem como que apoios públicos, nacionais e comunitários, foram atribuídos a empresas do Grupo Salvador Caetano nos últimos anos.
A Lusa tentou obter esclarecimentos da empresa, mas até ao momento não foi possível.
Leia Também: PCP diz que Governo não tem condições: "Foco de descredibilização"