"Aguardarei pelas explicações que forem dadas", respondeu o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, questionado sobre as declarações do primeiro-ministro, agendadas para este sábado, pelas 20h00, para esclarecer a polémica que tem dado que falar relacionada com a Spinumviva, empresa detida pela mulher e filhos de Luís Montenegro.
O líder socialista afirmou que espera "que não seja só uma declaração, que seja a disponibilidade para responder a todas as perguntas", em declarações aos jornalistas, em Freixo de Espada À Cinta, Bragança, esta manhã, onde está para um passeio pelas Amendoeiras em Flor.
"Estamos há 15 dias sem que o primeiro-ministro dê explicações cabais e portanto vá mantendo o tema na agenda e vá contribuindo ele próprio para a degradação das instituições e da confiança dos cidadãos nas instituições", acusou o secretário-geral do PS.
Pedro Nuno Santos acrescentou que "nós temos muitos problemas no país que estão sem solução, temos um governo sem propósito, sem desígnio, depois da distribuição do excedente que herdou dos governos do PS não resta nada, nós não sabemos o é que o governo quer para o país".
O líder socialista apontou que "desde sexta-feira temos um problema novo" e reiterou que “ficámos todos a saber que não temos um primeiro-ministro em exclusividade há quase um ano e isso é preocupante".
"A extinção da empresa é a confirmação e a assunção de que o primeiro-ministro esteve numa situação pelo menos de pouca ética no último ano", apontou Pedro Nuno Santos.
O líder socialista sublinha que a permanência sobre o tema "há duas semanas" deve levar Montenegro a "pensar" e acusa o primeiro-ministro de permanecer "paralisado fechado no seu gabinete há pelo menos 15 dias".
Pedro Nuno Santos afirma também que esta situação tem agravado a problemática nos problemas nacionais, com especial foco na economia e na saúde.
"Temos uma economia que está a começar a apresentar alguns problemas e nós não temos uma estratégia para a economia e temos o caos na saúde instalado com uma ministra que é hoje claramente responsável pela forma como geriu a greve do INEM e tem gerido o SNS e não há uma palavra do primeiro-ministro sobre os problemas dos portugueses. Isso preocupa-nos profundamente", apontou ainda o secretário-geral do PS.
Recorde-se que na quinta-feira, o grupo de casinos e hotéis Solverde, sediado em Espinho, revelou ao semanário Expresso que paga à Spinumviva uma avença mensal de 4.500 euros desde julho de 2021 por "serviços especializados de 'compliance' e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais".
Na sequência da divulgação e polémica que se instalou, o primeiro-ministro adiantou que convocou um Conselho de Ministros extraordinário para hoje, 1 de março, pelas 18h e, pouco depois, pelas 20h00, comunica ao país as "decisões pessoais e políticas" acerca da empresa.
"Amanhã às 20h00 horas comunicarei ao país as minhas decisões pessoais e políticas sobre esta matéria para que o Governo possa governar, concentrar toda a sua atenção, toda a sua disponibilidade, a servir o interesse do país e dos portugueses", referiu.
De acordo com o seminário, Luís Montenegro trabalhou para a Solverde entre 2018 e 2022, representando o grupo nas negociações com o Estado que resultaram numa prorrogação do contrato de concessão dos casinos de Espinho e do Algarve. Segundo o Expresso, esse mesmo contrato termina em dezembro deste ano e haverá uma nova negociação com o Estado.
[Notícia atualizada às 10h50]
Leia Também: "Esperaria coragem da parte do primeiro-ministro para assumir comunicado"
