A eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins defendeu, na noite de segunda-feira, na SIC Notícias, que o primeiro-ministro, Luís Montenegro "incumpriu de duas formas- e graves - o estatuto dos titulares de altos cargos públicos".
Primeiro, recorda a ex-coordenadora do BE, que "enquanto primeiro-ministro manteve um negócio com avenças com empresas que têm interesse direto em decisões que o Governo toma" e nunca falou sobre as mesmas até aparecerem na comunicação social.
"Podemos até perguntar se o Expresso não tivesse feito perguntas, o senhor primeiro-ministro ia decidir sobre a concessão do jogo à Solverde?", realçou Catarina Martins, lembrando que o primeiro-ministro não esclareceu sequer" como é que uma empresa, que faz consultadoria, gastou apenas 11% do que ganhou nas remunerações das pessoas que fizeram esse trabalho".
"Portanto, não se percebe muito bem o que é que aquelas empresas estão a pagar. Isto é tudo muito grave. Não explicou nada disso. Mas há uma coisa que ele disse: 'Eu não respeitei o estatuto dos titulares de cargos público'. Isto é muito grave", atirou, lembrando que "a situação ainda piorou".
"Nós sabemos agora, por outras notícias, entretanto, também não esclarecidas, que [o primeiro-ministro] incumpriu uma segunda vez este estatuto ao ter escondido da Entidade da Transparência contas à ordem em que teria depositado um valor acima dos 50 salários mínimos nacionais", citou.
Para Catarina Martins é então claro que o que "o senhor primeiro-ministro veio dizer é uma fraude". "'Não declarei o dinheiro porque estava dividido em várias contas à ordem'. Ora isto não é uma justificação para não divulgar. Isto é a admissão de que fez uma fraude à entidade da transparência", concluiu.
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