Hugo Soares acusa PS de agir como Chega "vestido em casaco de peles"

O líder parlamentar do PSD acusou hoje o PS de se comportar como o Chega "vestido em casaco de peles" e defendeu que se a Assembleia da República chumbar a moção de confiança é porque "é pela instabilidade política".

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Lusa
11/03/2025 17:03 ‧ ontem por Lusa

Política

Governo/crise

No debate da moção de confiança ao Governo, na Assembleia da República, Hugo Soares defendeu que "só está nas mãos do PS haver uma comissão parlamentar de inquérito", depois de o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, ter pedido ao primeiro-ministro para retirar a sua moção de confiança e aceitar um inquérito à Spinumviva.

 

"Para haver uma comissão parlamentar de inquérito, basta ao PS abster-se hoje na discussão da moção de confiança. Não há duas hipóteses: só há esta e esta leva a que o primeiro-ministro tenha que responder a todas as perguntas", disse.

Para Hugo Soares, "a verdade é que o PS comporta-se neste tema como o partido Chega mas vestido de casaco de peles".

"Vem como um novo rico Chega, eleva o tom, é mais duro nas críticas, mente em horário nobre e não é capaz sequer de pedir desculpa. Usa as 'fake news', usa tudo aquilo que é mentira para construir uma narrativa que é para, institucionalmente, atirar lama para o senhor primeiro-ministro", acusou.

Hugo Soares defendeu que, se o parlamento hoje chumbar a moção de confiança do Governo, "está a dizer que é pela instabilidade política, pela crise institucional e quer continuar a atirar lama para cima do Governo e, sobretudo, do primeiro-ministro".

"Senhor primeiro-ministro, deixe-me dizer-lhe olhos nos olhos: eles já perceberam que não vencem pelas políticas e, como perceberam que não são capazes, está a valer tudo para derrubar um Governo que o povo lá fora reconhece o que fez pela vida deles", disse.

Depois, Hugo Soares recordou que, no início do debate da moção de confiança, Montenegro disponibilizou-se para suspender a sessão parlamentar caso Pedro Nuno Santos especifique "em concreto" quais são as dúvidas que tem sobre a sua empresa familiar.

"Se ele não o aceitar, é porque só tem um interesse: a instabilidade política, eleições e o interesse partidário", defendeu Hugo Soares, antes de perguntar aos socialistas se "são pela estabilidade e pela transparência ou são pela lama e pelas eleições".

Antes de Hugo Soares, o porta-voz do Livre Rui Tavares salientou que o novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, assim que assumiu funções esta segunda-feira, decidiu entregar a uma gestão profissional independente um fundo de investimentos que detinha, no valor de um bilião de dólares.

Em comparação, Rui Tavares salientou que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pede aos seus eleitores para confiarem nele quando há um conflito de interesses, recusando tomar medidas para preveni-lo.

"Senhor primeiro-ministro, porquê, perante estes dois exemplos, não escolheu, para ser o exemplo, o do novo primeiro-ministro do Canadá? Porque escolheu, para ser o exemplo, aquele que diz 'confiem em mim, eu não faço fretes'?", perguntou.

Rui Tavares defendeu que "cada primeiro-ministro estabelece a bitola para os seus sucessores" e, recordando o caso de António Costa, salientou que o anterior chefe do executivo optou por demitir-se "por ter sobre ele suspeitas, permitindo às instituições do país decidirem da melhor forma como dar sequência a uma crise política".

"Quando o senhor primeiro-ministro, em entrevista ontem [segunda-feira] diz que se manterá como primeiro-ministro e candidato a primeiro-ministro mesmo se for arguido, acaba de rebaixar a bitola para todos os seus sucessores", acusou.

Depois desta intervenção, Hugo Soares dirigiu-se a Rui Tavares para afirmar que "o país sabe todo" que o Livre "está em negociações com o PS", mas disse que "António Costa não se demitiu por ser suspeito num processo".

"O doutor António Costa demitiu-se e o seu Governo caiu porque não tinha condições para continuar a governar depois de terem sido encontrados mais de 75 mil euros de dinheiro em numerário no gabinete do primeiro-ministro", disse.

Leia Também: Ventura devolve "não é não" a Montenegro e acusa-o de "arrogância"

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