O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, recusa ser responsável pela queda do Governo e vê a moção de confiança como um "pedido de demissão cobarde" por parte do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Caso o país avance mesmo para eleições legislativas antecipadas, o socialista acredita que o PS poderá vencer e, nesse caso, exigirá "reciprocidade" ao PSD para "conseguir estabilidade", tal como o PS fez.
"Estamos a falar de uma crise política que não foi provocada por nós e é importante que não nos esqueçamos disto nunca. Já sabíamos que este Governo ganhou um ano e meio de vida no último Orçamento do Estado. O mínimo que se pode exigir ao PSD é que dê ao PS o mesmo que o PS deu", explicou Pedro Nuno Santos em entrevista à CNN Portugal, na Assembleia da República.
Apesar de já estar a fazer essa exigência ao PSD, Pedro Nuno garante estar entre os 70% de portugueses que "não querem eleições".
"O primeiro-ministro escolheu arrastar o país todo para debaixo de um comboio. Não podemos repartir a responsabilidade porque isso também não é justo, não é correto. A razão e a origem desta crise é o primeiro-ministro, mais do que o próprio Governo e PSD. Não é justo repartirmos a responsabilidade entre o Governo, PSD e os outros partidos", defende o secretário-geral do PS.
Prioridade do PS para "próximos anos serão os salários"
Entre a prioridade do PS para os "próximos anos" estarão os "salários" dos portugueses.
"Precisamos de uma economia mais competitiva, capaz de pagar melhores salários para que o nosso povo possa ter uma vida melhor", atirou.
Sobre a política de imigração, ressalvou que não defende o "regresso da figura de manifestação de interesse".
"Propusemos algumas melhorias, mas não fazemos nenhuma intenção de fazer voltar a manifestação de interesse, que se revelou inadequada", afirmou Pedro Nuno Santos.
Pedro Nuno quer Portugal com "voz presente" na UE e com "estratégia"
No contexto internacional, Pedro Nuno quer que Portugal tenha uma "voz presente" como "não teve com este primeiro-ministro".
"É fundamental para nós preservarmos este espaço de paz que é a UE e termos a UE como um ator de defesa da paz no mundo e para isso não podemos ter um primeiro-ministro a ficar cá em vez de estar em Kyiv ou a fracassar nas ligações por videoconferência. Primeiro temos de atingir os 2% e, sobretudo, garantir que neste esforço a economia portuguesa não seja esquecida. O pior que poderia acontecer é que neste investimento a economia portuguesa esteja de fora", defendeu o secretário-geral do PS.
Para Pedro Nuno, o país tem sido "incapaz de fazer escolhas".
"Para conseguirmos ser bons em algumas áreas temos de ser capazes de as selecionar. A economia portuguesa e os governos sucessivos não conseguiram selecionar. Temos de ter capacidade, fizemos isso na década de 1990 e não era com um Governo do PS. Passados 30 anos temos de fazer esse esforço. Portugal tem vantagens empresariais, tecnológicas e cientificas. Temos de ter uma estratégia para a economia e é muito importante termos consciência disso. Temos de ser capazes de dar o salto. Felizmente somos um país que forma muitos engenheiros, mas depois não temos uma economia capaz de os absorver", acrescentou.
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