"O PS tem a certeza de que as famílias e as empresas, que tantos esforços fizeram nos últimos anos para que Portugal pudesse chegar a um ponto de contas certas, não se deixarão certamente iludir. A verdade é esta: o saldo orçamental piorou, a carga fiscal aumentou e isto num contexto do alto do nosso ciclo económico", disse o deputado do PS António Mendonça Mendes aos jornalistas.
Segundo o socialista, os "resultados que hoje foram conhecidos são o resultado da destruição das contas certas".
"A declaração do ministro das Finanças só pode ser entendida no contexto de campanha eleitoral e no contexto em que se procura iludir os portugueses não falando objetivamente toda a verdade sobre a situação orçamental do país", argumentou.
António Mendonça Mendes, que foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, afirmou que as famílias e as empresas pagam hoje mais impostos do que pagavam há um ano e o saldo orçamental é menor.
"Este é um resultado raro e não é bom a raridade deste resultado. É a primeira vez este século que se conjugam estas três realidades: ponto alto do ciclo económico, a deterioração do saldo orçamental e o aumento da carga fiscal", alertou.
Segundo o dirigente do PS, nos últimos 30 anos "apenas tinha acontecido em 1991, em 1998 e em 2000", anos que "antecederam ciclos económicos negativos".
"Isso deveria fazer aqueles que têm a responsabilidade ainda de governar de ser mais prudentes na forma como se dirigem ao país porque, das duas uma, ou não perceberam nada do que aconteceu, o que é grave, ou estão a procurar iludir os portugueses, o que também é grave", criticou.
Sobre o facto de Miranda Sarmento ter dito que há margem para propor novas medidas na atualização do programa eleitoral, que há um ano disse não era possível, Mendonça Mendes disse que não o surpreende porque vem "da mesma pessoa que falhou todas as previsões".
Questionado sobre as medidas que o PS vai propor no seu programa eleitoral nesta área, o deputado do PS disse que os socialistas vão apresentar propostas de acordo com a "possibilidade que o país tem de gastar".
O ministro das Finanças reagiu ao excedente de 0,7% do PIB em 2024 apontando que as perspetivas para o futuro são positivas e que há agora "margem para propor novas medidas" na atualização do programa eleitoral, nomeadamente fiscais.
"Temos boas notícias do ponto de vista da execução orçamental, há um superavit robusto que nos permite continuar a reduzir a dívida pública de forma consistente", reiterou hoje Joaquim Miranda Sarmento, numa conferência de imprensa convocada para reagir à divulgação das Contas Nacionais do Instituto Nacional de Estatística, relativas ao 4.º trimestre de 2024.
O excedente de 0,7% ficou acima do projetado no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), que era de 0,4%, destacou, mas ainda assim o Governo mantém a previsão de um saldo orçamental de 0,3% para este ano.
[Notícia atualizada às 18h36]
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