O ex-deputado do PSD Miguel Morgado considera que houve uma mudança política nos partidos de Esquerda, que passaram a ver o "conflito social em termos completamente diferentes", optando pelo "combate às desigualdades identitárias" e "abandonando as desigualdades sociais".
"Não tenho qualquer dúvida. A Direita populista diz que há um povo oprimido, mas não é o povo das minorias, é o povo da grande maioria que está a ser explorado e enganado por elites corruptas. A ideia de que a maioria é explorada e a minoria é exploradora passou para a Direita populista enquanto a Esquerda ficou a braços com a defesa dos oprimidos que constituíam, em alguns casos, até micro minorias", defendeu Miguel Morgado, em entrevista à SIC Notícias.
O antigo assessor do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho acredita que "há um deslocamento total dos partidos da Esquerda nestas causas", que levou a "Direita populista a aparecer como defensora do povo".
"Que povo? Um povo que diz que não têm de ser mais bem-educados, não têm de nos conduzir a uma sociedade onde os homens e as mulheres pensarão de uma maneira diferente, mais emancipada e progressista. Podem ser e o que quiserem ser que nós estamos cá para vos defender das ameaças que pendem sobre vocês: as elites dos ricos, do mundo mediático, dos imigrantes", acrescentou o ex-deputado social-democrata.
Recorde-se que Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas a 18 de maio, marcadas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a 13 de março, dois dias depois de o Parlamento chumbar uma moção de confiança ao Governo e que ditou a demissão do Governo da Aliança Democrática (AD), PSD/CDS.
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