Já depois de Paulo Macedo ter estado na comissão parlamentar de Saúde, a farmacêutica Gilead, detentora do medicamento inovador para a hepatite C, veiculou, em comunicado, que a doente que morreu na sexta-feira vítima da doença podia ter tido acesso ao fármaco sem qualquer custo para o Estado.
"A informação do laboratório que hoje conhecemos vem mostrar a contradição com o Governo e a posição deste Governo, em concreto do ministro da Saúde, que é deixar morrer doentes, doentes que tinham possibilidade ter acesso a tratamento", disse a deputada Carla Cruz aos jornalistas no parlamento.
A deputada sublinhou que "é preciso um esclarecimento cabal, porque o ministro hoje disse que tudo está a fazer para que os doentes tenham acesso aos tratamentos".
O PCP não pede, contudo, a demissão do ministro, argumentando, à semelhança do que tem feito relativamente a outros ministros, que "o Governo não deve cair às peças, mas ser demitido" na totalidade.
"A questão não se coloca nas pessoas, mas nas opções políticas do Governo", frisou.
O PS acusou hoje o ministro da Saúde de ser "o principal responsável político" pelos problemas no acesso a medicamentos para a hepatite C, desafiando Paulo Macedo a avaliar se tem condições para se manter no cargo.
"Há uma cadeia de responsabilidades que falhou, o senhor ministro é responsável. Não somos nós que temos de avaliar se tem ou não condições [para continuar], o ministro é que tem de fazer uma autoavaliação e, com o senhor primeiro-ministro, perceber se tem ou não condições para continuar a ser o titular da pasta", afirmou a deputada do PS Luísa Salgueiro, em declarações aos jornalistas no parlamento.
Na nota hoje enviada à agência Lusa, a Gilead disse nunca ter recebido qualquer nota de encomenda para o uso do medicamento na mulher de 51 anos, apesar de o laboratório o ter disponibilizado.
A Gilead diz ainda que, no dia 16 de janeiro, foi acordado com o Ministério da Saúde o acesso sem custos ao medicamento para a hepatite C para os 100 doentes mais urgentes.