"Ao contrário do que aquilo que diz, está a retratar a realidade como se ela fosse outra e isso é perigoso, ter governantes que gostam de ver as coisas como elas não são paga-se caro e nós pagámos isso muito caro durante uns anos", afirmou o presidente social-democrata, no debate quinzenal com o primeiro-ministro na Assembleia da República.
Recordando o que José Sócrates dizia em 2010, Passos Coelho disse ser "muito parecido" com o que o atual primeiro-ministro diz agora, mas assegurou que ao contrário do que aconteceu nessa altura, terá de António Costa a resolver os problemas que criar.
"Lembro-me o que o seu colega primeiro-ministro de então dizia em 2010 é muito parecido consigo, não demorou muito e estava a propor o aumento dos impostos como os senhores agora fazem, o corte do investimento público, o corte das prestações sociais e o governo seguinte que trate de limpar a casa. Há uma coisa que eu lhe garanto: esta parte da limpeza será mesmo vossa excelência que terá o prazer de a fazer", disse o líder do PSD.
Na resposta, o primeiro-ministro gracejou ter "muito gosto em fazer limpezas" e resolver os problemas que os outros deixam, sublinhando ter também sempre a preocupação de "deixar para os outros casas arrumadas" para que possam prosseguir o caminho que estava a ser seguido.
Depois de ter procurado desmontar os três "mitos" que a oposição tem explorado e garantido que o país está a crescer mais, a exportar mais e que há mais investimento do que em 2015, António Costa disse compreender que o líder do PSD não goste da realidade que foi apresentada.
"O senhor deputado não gosta desta realidade, mas o diabo é este", disse António Costa, dirigindo-se a Passos Coelho, que durante o verão, numa dramatização da situação económica, disse que em setembro viria o "diabo".
Assegurando que os resultados que apresentou foram recolhidos junto de fontes oficiais, o primeiro-ministro insistiu que a realidade é aquela que apresentou.
"Não gosta da realidade e por isso é que eu percebo porque é que apela ao diabo, porque a realidade é muito dura e mais vale falar das ficções do que da vida real", acrescentou António Costa, aludindo à pobreza que foi criada durante os anos de governação de Passos Coelho, ao desemprego gerado e ao fracasso na execução das finanças públicas.
"Percebo que é um fardo muito pesado", vincou, notando que o "fardo" deste Governo vai ser "limpar esse fardo e relançar o país".