Proteção animal? Partidos afastam revisão constitucional extraordinária

A maioria dos partidos afastou hoje a necessidade de uma revisão constitucional extraordinária, proposta pelo PAN, para assegurar a consagração da proteção dos animais, num debate que a esquerda aproveitou para criticar a redução do IVA das touradas.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
04/12/2024 20:50 ‧ há 6 horas por Lusa

Política

PAN

O projeto de resolução do PAN, discutido hoje em plenário, pretende que a Assembleia da República assuma poderes de revisão constitucional extraordinária, depois de o processo de revisão em curso no ano passado ter sido suspenso pela dissolução do parlamento.

 

Na altura, PS e PSD concordaram em consagrar na Constituição a proteção do bem-estar animal de forma a resolver os problemas de inconstitucionalidade na lei dos maus tratos a animais, mas Inês Sousa Real não quer esperar pela abertura de um novo processo ordinário de revisão para retomar esse debate.

"Há um devir civilizacional e uma empatia que devem traduzir-se na nossa lei fundamental", defendeu a deputada única do PAN.

Apesar de a proteção do bem-estar animal reunir o apoio de todos os grupos parlamentares, a maioria afastou a necessidade de uma revisão constitucional extraordinária, lembrando que, em janeiro, o Tribunal Constitucional decidiu não declarar inconstitucional a norma que prevê a incriminação de maus tratos a animais de companhia.

"Felizmente, deixou de ser necessário rever a Constituição com a urgência que achávamos. Não discordamos que a Constituição deva respaldar o bem-estar animal, mas com a interpretação atualista já o faz e deixou de ser necessário", disse o socialista Pedro Delgado Alves.

Pelo PSD, também Emília Cerqueira considerou que a decisão do Tribunal Constitucional afastou a "grande preocupação com a revisão constitucional", mas manifestou-se disponível para apoiar a revisão do regime jurídico em vigor.

"Parece-nos exagerado convocar uma revisão constitucional extraordinária para rever este ponto, mas se ocorrer num momento ordinário, acompanharemos a preocupação que deve existir em relação ao bem-estar animal", concordou Mário Amorim Lopes, da IL.

João Almeida, do CDS-PP, criticou a intenção do PAN de alargar a proteção animal a todos os animais, e não apenas de companhia, defendendo que a legislação atual assegura um "equilíbrio social justo", enquanto o comunista Alfredo Maia priorizou as medidas de sensibilização e prevenção.

À esquerda, BE, Livre e PAN aproveitaram o debate, motivado por três petições pela criminalização dos maus tratos a animais, e pela consagração constitucional do bem-estar animal, para criticar a redução de 23% para 6% do IVA dos bilhetes das touradas, aprovado na semana passada no âmbito das votações do Orçamento do Estado para 2025.  

Pelo BE, que tinha em discussão um projeto de resolução para o fim dos apoios públicos a espetáculos que inflijam sofrimento a animais e o aumento da idade para trabalhar e assistir a esses espetáculos, Fabian Figueiredo considerou tratar-se de uma "atividade subsidiodependente" e defendeu que "o mínimo da decência é não gastar dinheiro dos nossos impostos para financiar tortura animal".

"Há vozes neste parlamento que se dizem defensoras do bem-estar animal, mas depois promovem a tortura", afirmou também Isabel Mendes Lopes, do Livre, que defende, num projeto de resolução, a avaliação das limitações do regime jurídico vigente e da organização da resposta do sistema em matéria de maus tratos e abandono.

Com um projeto de lei que reforça a proteção dos animais de companhia, Pedro Frazão, do Chega, centrou a sua intervenção no estado geral do país, para argumentar que "Portugal precisa de ser um país bom para as pessoas, porque só assim será um país bom para os animais".

Leia Também: Das pensões ao IVA das touradas: As principais alterações do OE2025

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