Palavras proferidas por António Costa no final do debate quinzenal, na Assembleia da República, e que foram interpretadas como alusões à candidatura da líder do CDS-PP, Assunção Cristas, à Câmara de Lisboa, e ao facto de o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, ter sido convidado (que, entretanto, cancelou) para apresentar o mais recente livro da autoria do jornalista José António Saraiva.
Na sequência de uma intervenção proferida pelo líder da bancada socialista, Carlos César, procurando colocar em contraponto a atuação da oposição e o rumo do Governo, António Costa deixou o seguinte comentário: "Não precisamos de nos distrair em relação à nossa missão".
"Nem temos de andar a ler à pressa o guia das ruas de Lisboa para conhecer a cidade, nem nos distraímos a ler livros de mexericos de que fomos convidados para apresentar", declarou, motivando protestos de vários deputados das bancadas do PSD e do CDS-PP.
Na parte final da sua última intervenção neste primeiro debate quinzenal da segunda sessão legislativa, o primeiro-ministro deixou vários ataques ao PSD e CDS-PP.
"O Governo tem de prosseguir com uma grande frieza e nervos de aço, porque a oposição está desorientada e até nos critica por termos o controlo do défice. Estamos perante uma oposição tão, tão, tão desorientada que, em vez de apelar a Deus, já só confia no Diabo para ver se tem alguma salvação para apresentar ao país", declarou.
De acordo com António Costa, que falava numa altura em que PSD e CDS já não dispunham de tempo de intervenção, "ficou claro" no debate quinzenal que, da parte da oposição, "há enorme nervoseira, que provoca um comportamento de permanente irritação, crispação e vozearia".
"Um comportamento que lhe dá uma enorme dificuldade em encarar os números da realidade contra os mitos que foram construindo" sobre o crescimento, as exportações e o investimento, acrescentou.