Durão Barroso diz não aceitar ser tratado pela Comissão Europeia como lobista por ter aceitado ser o novo presidente não-executivo da Goldman Sachs.
"Não aceito que me sejam limitados os meus direitos. Fiz tudo de forma transparente regular e escrupulosamente certa e não aceito que me atribuam agora intenções malévolas", condenou.
Na sua qualidade de ex-presidente da Comissão Europeia, assim como ex-primeiro-ministro de um Estado-membro, Durão Barroso teria o direito a um 'tratamento VIP' pelos líderes e instituições europeias em Bruxelas, mas devido ao seu novo cargo será tratado como um representante de interesses e terá de dar explicações ao executivo europeu sobre a sua relação contratual com o banco.
“Sei que o Goldman Sachs é um nome controverso, mas como são controversos o nome de praticamente todos os bancos internacionais […] Aceito algumas críticas, mas não aceito outras”, disse aos jornalistas após uma conferência em Cascais.
"O que eu não aceito é que se procure criar uma discriminação contra uma entidade financeira que opere nos mercados devidamente legalizada e regulada e também não aceito que haja discriminação em relação a mim", condenou.
"Não posso aceitar que outras pessoas que estiveram na Comissão, inclusive o presidente da Comissão Europeia, tenham trabalhado para o Goldman Sachs e contra mim haja, talvez seja por ser português".
“Se fosse contra um membro italiano, imediatamente a Itália caía toda em cima” de quem estivesse contra a sua decisão de aceitar o cargo, garante.
Questionado sobre a moralidade de trabalhar para um dos bancos que contribuiu para a crise na Europa, Barroso foi perentório: “houve muitos bancos acusados de contribuir para a crise financeira, uma coisa é certa, eu não contribuí”.
O Goldman Sachs "não é um cartel de droga, é uma entidade legal. Acho perfeitamente ético e moral trabalhar para o Goldman Sachs da mesma maneira que acho completamente ético e moral trabalhar para outros bancos”.