Terá o verniz estalado de vez? Depois da TSU e da CGD, venda do Novo Banco junta-se ao leque de temas que fizeram divergir o Partido Socialista e um dos partidos principais que lhe garante a maioria parlamentar, o Bloco de Esquerda.
Pela voz de Mariana Mortágua, o partido condenou seriamente o negócio anunciado hoje, que confirma a venda do ex-Banco Espírito Santo ao fundo norte-americano Lone Star.
“Temos que ser claros: É uma venda a preço zero. O banco vai ser dado a um fundo norte-americano que vai injetar dinheiro no seu próprio banco e vai-se pagar a si mesmo”, começou por dizer a deputada.
As críticas são explicadas logo de seguida quando Mortágua explica a posição do Executivo neste negócio, que “assume futuras perdas do banco que vão até 4 mil milhões de euros”. Por isso, diz, “o que temos é o Governo a tomar uma decisão que pode parecer a mais correta a curto prazo, mas o que vai fazer é empurrar os problemas com a barriga para o futuro, para outro Governo e para os contribuintes”
Reiterando que “o Bloco de Esquerda não aceita esta solução e não acha que ela era inevitável”, ao contrário do que disse o socialista João Galamba, a bloquista sustentou que “a alternativa era sim a nacionalização. Porque, se a Lone Star injeta mil milhões no Fundo e tudo o resto é pago pelo Estado, é difícil perceber como é que a nacionalização custaria cinco mil milhões de euros”.
Mesmo assumindo que o caminho da nacionalização traria custo para os contribuintes, Mortágua insiste: “Assumimos as decisões que tomamos. Achamos que nacionalização implica a injeção de dinheiros públicos, mas ela vai acontecer de qualquer maneira com uma alternativa e uma diferença: O Estado mantém o controlo sobre um dos maiores bancos do país”.