Francisco Louçã começou o seu comentário semanal na SIC Notícias por salutar a forma “cautelosa” e o “bastante cuidado” que houve a nível político relativamente ao incêndio que tirou a vida a 64 pessoas no concelho de Pedrógão Grande.
Porém, sublinhou, no “rescaldo do incêndio começamos a ter crispação política que é inevitável, mas que tem contornos particulares”.
E esses contornos passam pelo “enorme nervosismo” que existe no CDS porque, lembrou, a líder Assunção Cristas foi ministra da Agricultura nos dois governos PSD/CDS.
O nervosismo, enumerou, deve-se a três razões. “Primeiro porque Assunção Cristas promoveu o aumento dos eucaliptos ao fazer uma lei para isso. Em segundo lugar destruiu os serviços florestais e, em terceiro lugar, o CDS e o PSD têm uma história estanha na relação com o SIRESP que hoje, sabemos, não funcionou durante os quatro dias decisivos”, apontou.
Nesta senda, Francisco Louçã relembra que o sistema, que custou 495 milhões de euros, foi aprovado pelo governo PSD/CDS quando já estava em “gestão”.
“O ministro da Administração Interna assina um contrato para favorecer o grupo BPN. Depois, mal sai do governo, vai para a Sociedade Lusa de Negócios do grupo BPN”, acusa.
Sobre o SIRESP, o antigo coordenador do Bloco de Esquerda descreve-o como um “drama financeiro” além de “não funcionar para a comunicação”, razão pela qual a “primeira coisa que o Governo devia fazer era terminar este contrato e não esperar por 2021”.
Quanto à decisão de António Costa, que “respondeu com simpatia à proposta do PSD para criar uma comissão parlamentar independente” para investigar o caso, Louçã defende que o que “hoje era preciso não era uma comissão independente, era alguém com perfil independente que não faça parte dos partidos e tenha uma trajetória técnica com poderes suficientes para, em poucas semanas, dar uma resposta” às perguntas que se estão a fazer sobre o que aconteceu em Pedrógão Grande.