Na sede do CDS-PP, em Lisboa, e já depois de ter sido recebida pelo Presidente da República, Assunção Cristas fez uma comunicação ao país, marcada pela exigência dos centristas em ver os ministros da Defesa, Azeredo Lopes, e da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, demitidos.
Defendendo que nenhum deles "soube estar à altura das suas responsabilidades", referindo-se ao incêndio de Pedrógão Grande e ao material roubado em Tancos, a líder do CDS afirmou que "as demissões [dos dois ministros] são inevitáveis", deixando ainda uma mensagem clara a António Costa: "Senhor primeiro-ministro, volte e demita-os".
Falando aos jornalistas na sede do CDS, a líder centrista argumentou que após a tragédia de Pedrógão Grande e o furto de material militar em Tancos, há "uma crise de autoridade, há uma crise de comando" e há "uma crise de confiança" e esta "só será resolvida com a demissão destes ministros".
Estas declarações surgiram já depois de Assunção Cristas ter feito saber que, dada a ausência de "qualquer esclarecimento", o CDS enviou ao primeiro-ministro "um requerimento com 25 perguntas detalhadas" não só sobre o material roubado em Tancos, mas também sobre as falhas do SIRESP durante o combate ao incêndio em Pedrógão Grande. Ao documento, diz a centrista, o partido ainda "não obteve qualquer esclarecimento até agora".
Falando aos jornalistas na sede do CDS, em Lisboa, a líder centrista argumentou que após a tragédia de Pedrógão Grande e o furto de armamento em Tancos, há "uma crise de autoridade, há uma crise de comando" e há "uma crise de confiança" e esta "só será resolvida com a demissão destes ministros".
O CDS é o primeiro partido a pedir a demissão da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, depois do incêndio de dia 17 de junho em Pedrógão Grande, que provocou 64 mortos, e do ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, após o furto de armamento em Tancos.
"Estamos convencidos de que não é possível restaurar a quebra de confiança que neste momento existe nas instituições do Estado na área da segurança, da proteção das pessoas e da soberania e restaurar a nossa credibilidade internacional sem que haja uma alteração nos titulares das pastas nestas duas áreas e foi isso que nós transmitimos ao senhor Presidente da República", sustentou Assunção Cristas.
Para o CDS, "num e noutro caso, o Governo tem fugido às suas responsabilidades e mostra-se incapaz de assumir os erros e tirar conclusões", o mesmo que "é rápido a mandar testar a sua imagem e popularidade".
"Esperámos uma atitude firme por parte dos ministros em causa ou do primeiro-ministro, assumindo as suas responsabilidades e respetivas consequências políticas. Não o fizeram. Instámos o primeiro-ministro a retirar essas consequências. Não o fez. Passaram-se dias de um silêncio ensurdecedor", declarou.
A líder centrista defendeu que "o que se passou nas últimas semanas em Portugal ultrapassou todas as marcas".
"Quando os portugueses mais precisavam de um Estado que os protegesse, o Estado falhou. Falhou e tarda em assumir que falhou, escondido nas contradições dos governantes, escudado na barafunda dos serviços, disfarçado num primeiro-ministro que só faz perguntas e que se limita a ter 'curiosidade' nas respostas", argumentou.
A presidente do CDS-PP defendeu que o primeiro-ministro não deve esperar pelo final da 'época de incêndios' ou de que mais material militar seja furtado.
Assunção Cristas referiu que, "ainda antes do incêndio de Pedrógão e do furto de material militar", já tinham sido conhecidos "episódios preocupantes", nomeadamente "a insegurança no aeroporto de Lisboa e o furto de pistolas à PSP".
Acerca do furto em Tancos, Cristas frisou que o ministro assumiu a responsabilidade política, mas sem "retirar qualquer consequência disso".
"Sinalizámos a ausência de qualquer palavra por parte do primeiro-ministro numa matéria tão grave quer interna quer externamente. Sentimo-nos envergonhados quando um jornal estrangeiro publica a lista do material furtado", afirmou.
O incêndio que deflagrou há 15 dias em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos e só foi dado como extinto uma semana depois.
Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.
Já no caso do furto de armas, o Exército anunciou na quinta-feira que foi detetada na quarta-feira ao final do dia a violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois 'paiolins', tendo desaparecido granadas de mão ofensivas e munições de calibre nove milímetros.
Na sexta-feira, o Exército acrescentou que entre o material de guerra roubado na quarta-feira dos Paióis Nacionais de Tancos estão "granadas foguete anticarro", granadas de gás lacrimogéneo e explosivos, mas não divulgou quantidades.
[Notícia atualizada às 17h30]