"O Presidente da República é, antes de mais, uma pessoa que reterá na memória as imagens de Pedrógão", lamentou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esta terça-feira, numa comunicação ao país no seguimento do elevado número de mortes que, pela segunda vez este ano, ocorrem em Portugal por causa dos incêndios.
Marcelo Rebelo de Sousa falava numa declaração ao país, feita a partir da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, concelho do distrito de Coimbra, que foi um dos mais afetados pelos incêndios que deflagraram no domingo.
O chefe de Estado sublinhou que "mais de 100 pessoas mortas em menos de quatro meses de fogo em Portugal, por muito que a frieza destes tempos (...) nos convidem a minimizar ou banalizar, estes mais de 100 mortos não mais sairão do meu pensamento". "São um enorme peso na consciência", acrescentou.
Depois, exigiu uma "rutura" com o passado e aconselhou "humildade cívica", afirmando: "É a melhor, se não a única forma de verdadeiramente pedir desculpa às vítimas de junho e de outubro - e de facto é justificável que se peça desculpa".
Sobre o atual Governo, Marcelo indicou que espera que "retire todas, mas todas as consequências de Pedrógão, como, de resto, o Governo se comprometeu publicamente a retirar". E ressalvou que "pensar no médio e no longo prazo não significa que tenhamos que conviver com mais tragédia" até lá chegar.
"Se há na Assembleia da República quem questione a capacidade do Governo, esperemos que a Assembleia clarifique soberanamente se quer manter este Governo ou não", afirmou o Presidente da República, que, recorde-se, amanhã recebe em Belém o PCP e o CDS, que esta terça-feira anunciou que vai apresentar uma moção de censura ao Governo de Costa, e cujo tema será os incêndios.
"Esta é a última oportunidade para levar a sério a floresta", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, explicando que "tem de ser prioridade nacional".
[Notícia atualizada às 21h41]