"Esta moção de censura apresentada no primeiro dia de luto nacional é grotesca e a exigência do PSD hoje de uma moção de confiança é de um ridículo intolerável", disse Catarina Martins, que falava no debate quinzenal com o primeiro-ministro na Assembleia da República, que se tem centrado nos incêndios que causaram mais de 100 mortos nos últimos meses.
Sublinhando que "pesa sobre nós a tragédia que se abateu sobre o país", Catarina Martins reiterou que "o Estado falhou".
"O Estado falhou. Falhou a quem perdeu a vida, a quem ficou ferido, a quem ficou sozinho frente ao fogo, a quem o foi combater sem meios, a quem perdeu tudo, a quem caminha hoje sobre cinzas", salientou.
E, acrescentou, falhando o Estado, "a responsabilidade é política" e, portanto, de é "de muitos governos, incluindo o atual", e é também "de muitas maiorias parlamentares, incluindo a atual".
"Se tudo falha é porque tudo deve ser diferente. Da floresta à proteção civil. A proposta que o Bloco apresenta não é original, é a que os especialistas ao longo do tempo têm apresentado", disse a líder bloquista.
De seguida, o primeiro-ministro, António Costa, declarou que as resposta não podem ser adiadas para 2019, devem surgir "já no Orçamento de 2018".
"Temos obrigação de corresponder às memórias das vítimas", assinalou o primeiro-ministro.
Posteriormente, a coordenadora do BE pediu uma nova estrutura que "reúna ordenamento do território, política florestal e combate a incêndios" e criticou a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, a "ex-ministra dos eucaliptos, que pessoalmente teve a tutela da política florestal durante quatro anos".
"É chocante que venha invocar as responsabilidades dos outros a mesma deputada Assunção Cristas que, enquanto ministra, foi responsável pela liberalização total da expansão do eucalipto. Quem agora censura é o mesmo partido que, na sequência da tragédia de Pedrógão, não fez uma única proposta de reforma florestal", acusou Catarina Martins.
Durante o debate, António Costa referiu que a discussão da moção de censura acontecer na terça-feira. Para isso, será necessário que o pedido do CDS-PP dê entrada no parlamento na quinta-feira.
De acordo com o regimento da Assembleia da República, a moção de censura ao Governo é obrigatoriamente debatida no terceiro dia útil após a entrega formal na mesa da assembleia.