"Ao contrário do que tem vindo a ser afirmado por algumas pessoas e órgãos de comunicação, não é verdade que eu próprio ou os serviços do Ministério tenham tido conhecimento destas denúncias de gestão danosa, nem em agosto, nem em outubro", declarou o ministro Vieira da Silva em conferência de imprensa ao início da tarde desta segunda-feira.
O governante fez ainda saber que teve conhecimento dos factos noticiados no momento em que elementos da sua equipa foram contactados pela estação televisiva, a TVI, "há poucos dias".
"Nunca foi entregue a mim próprio, no meu gabinete, ao gabinete da senhora secretário de Estado, nem ao Instituto de Segurança Social, denúncias de gestão danosa", reforçou.
Vieira da Silva referiu, no entanto, que "há efectivamente um processo que tem corrido no Instituto de Segurança Social". O ministro referia-se concretamente às "preocupações" de um ex-tesoureiro da Raríssimas que denunciou que a associação em causa, segundo o próprio, não estaria a cumprir "todas as normas do estatuto das IPSS, normas que têm a ver com a identificação dos vários cargos sociais".
"Foi essa a natureza dos diversos ofícios que foram enviados ao Ministério em outubro, e ao Instituto de Segurança Social, em agosto", justificou.
Nessa sequência, segundo o governante, o Instituto de Segurança Social solicitou informações sobre tal facto. Informações essas que foram respondidas, mas que, para o tal ex-tesoureiro, não foram suficientes. Por essa razão, o mesmo voltou a insistir que não estavam a ser cumpridas todas as normas.
Perante estes factos, "o Instituto de Segurança Social desencadeou, através de um processo complexo, um conjunto de procedimentos dirigindo para o serviço de fiscalização esse tipo de afirmações e iniciou um processo de averiguações através de avaliação das suas contas prevista para esta altura", explicou Vieira da Silva.
Após o conhecimento da reportagem da TVI, e dado o "justificado alarme" que provocou na sociedade portuguesa, "foi nossa decisão solicitar, ainda hoje o fiz, ao senhor inspector da inspeção-geral do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, com carácter de urgência, que fosse feita uma inspecção global à instituição em causa". Essa inspeção, anunciou, decorrerá nos próximos dias, com uma equipa para o efeito.
"Essa decisão que pretende que toda a verdade sobre os factos seja apurada e avaliada e que dela se retirem todas as ilações que forem consideradas pertinentes e necessárias", assegurou ainda.
De acordo com a reportagem da jornalista Ana Leal, em causa, está, por exemplo, a utilização do dinheiro da Raríssimas, por parte da presidente, para deslocações fictícias, a compra de vestidos de alta costura e de gastos pessoais em supermercados.