"Caso não nos tivéssemos deparado com circunstâncias inesperadas, seriamos número um a nível mundial no quarto trimestre", afirmou Shao Yang, responsável pela estratégia da Huawei, na Consumer Electronics Show, em Xangai.
"Agora, teremos de aguardar um pouco mais", acrescentou, sem se referir diretamente ao presidente norte-americano, Donald Trump, ou à guerra comercial entre Pequim e Washington.
Trump emitiu, no mês passado, uma ordem executiva que exige às empresas do país que obtenham licença para vender tecnologia crítica à Huawei, num golpe que se pode revelar fatal para a firma chinesa.
Os governos dos Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo, impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares de bens importados um do outro.
Em causa está a política de Pequim para o setor tecnológico, nomeadamente o plano "Made in China 2025", que visa transformar as firmas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.
Os EUA consideram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da concorrência externa.
As autoridades chinesas acusam Washington de querer conter a ascensão da China, bloqueando as suas principais empresas, incluindo a Huawei.
Washington tem pressionado vários países, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei na construção de infraestruturas para redes de quinta geração (5G), a Internet do futuro, acusando a empresa de estar sujeita a cooperar com os serviços de informação chineses.
Austrália, Nova Zelândia e Japão aderiram já aos apelos de Washington e restringiram a participação da Huawei.
No ano passado, a empresa chinesa ultrapassou a Apple e tornou-se a segunda maior marca de smartphones do mundo, atrás da sul-coreana Samsung, com as vendas a ultrapassarem os 20% e fixarem-se nos 100 mil milhões de dólares.
Shao garantiu que a empresa vai avançar no desenvolvimento da sua própria tecnologia.
"As pessoas olham para a questão do 5G, mas nós vemos para além disso", afirmou. "Aqueles que não são corajosos não progridem, ficam para trás", disse.