Numa conferência de imprensa no evento que se realiza em Lisboa até quinta-feira, o cantor norte-americano com ascendência senegalesa explicou que a criação da criptomoeda assenta no facto de "África estar numa posição em que o seu desenvolvimento é essencial".
Aliaume Damala Badara Akon Thiam, mais conhecido por Akon, considerou que a inclusão de uma criptomoeda na economia africana poderia permitir o desenvolvimento de empresas por parte de jovens, indo além da exploração de recursos minerais.
"Queremos ser capazes de ter uma maneira de África poder beneficiar dos seus próprios recursos, utilizando a juventude", assinalou o músico, destacando que "65% da população africana tem menos de 21 anos".
O músico acrescentou qual é seu "foco principal" : "É a população jovem, inová-los e criar empreendedores dentro desse círculo, além de encontrar maneiras de dar a todos as ferramentas de que precisam para empurrar os seus países para a frente, utilizando a 'Akoin'".
Além de Akon, estiveram presentes os cofundadores Jon Karas e Lynn Liss, esta última também diretora de operações, sendo que os representantes da empresa ambicionam tornar a 'Akoin' a "principal moeda" em África "nos próximos 20, 30 anos".
Os responsáveis da 'Akoin' explicaram que a empresa permite, por exemplo, a aquisição de "minutos móveis pré-pagos" através de 'akoins', sendo esta uma das formas de entrada da empresa no mercado africano, ao mesmo tempo que evita uma volatilização da moeda virtual.
Akon considera que a diferença entre a sua plataforma e as potenciais concorrentes internacionais se prende com o facto de estas "não conhecerem África".
"Nunca estiveram lá, não percebem como as pessoas vivem, como as pessoas pensam (...) e dessa forma não há ligação", sublinhou o artista.
Akon explicou que a ideia surgiu ao visitar África e ver "tudo no mesmo sítio" e também ao trocar francos centro-africanos em França.
"Regressas e tudo parece o mesmo, os mesmo poços, os mesmos candeeiros a petróleo, a mesma avó no mesmo lugar (...) e isto chega ao ponto em que pensas 'ok, temos de fazer algo sobre isto'", disse Akon.
Um dos outros pontos basilares para a decisão de o músico apostar no mercado das criptomoedas prende-se com um episódio em que tentou trocar francos centro-africanos, em França.
"Os franceses imprimiam este dinheiro (...) quando cheguei a Paris, tentei trocar o dinheiro, os meus francos - e relembro que este dinheiro é feito pelos franceses - por euros. Eles disseram-me que não aceitavam. E eu fiquei: 'mas que raios? Ok, agora temos mesmo de fazer algo sobre isto'", explicou Akon, arrancando sorrisos na sala de imprensa.
O músico de 46 anos afirmou, esperançoso: "O meu objetivo é reconstruir África de uma forma que eu gostaria de ver a acontecer, utilizando tudo e todos os recursos à minha volta para o fazer".
Fundada em 2010 por Paddy Cosgrave, Daire Hickey e David Kelly, a Web Summit é considerada um dos maiores eventos de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo e evoluiu em menos de seis anos de uma equipa de apenas três pessoas para uma empresa com mais de 150 colaboradores.
A cimeira tecnológica, que nasceu na Irlanda, passou a realizar-se em Lisboa desde 2016, vai manter-se na capital até 2028, depois de, em novembro do ano passado, ter ficado decidida a permanência da conferência em Portugal por mais 10 anos.
O evento realiza-se em Lisboa, teve início na segunda-feira e decorre até quinta-feira.