O irlandês, que está em Cabo Verde a convite do Governo, reuniu-se esta segunda-feira com o primeiro-ministro, encontro que serviu, explicou no final, aos jornalistas, para "falar sobre 'startups' e inovação", apostas definidas pelo executivo liderado por Ulisses Correia e Silva.
Paddy Cosgrave destacou que neste processo de desenvolvimento que assenta no objetivo de transformar Cabo Verde numa plataforma digital internacional, o "ingrediente crítico será sempre a próxima geração" e a sua formação.
"Acho fantásticas as iniciativas projetadas para ajudar a próxima geração a envolver-se na inovação, particularmente na programação. E ensinar os mais jovens quase como se fosse uma segunda linguagem, do meu ponto de vista, é a estratégia correta", admitiu.
Durante a visita a Cabo Verde, até quarta-feira, Paddy Cosgrave vai precisamente apadrinhar o programa de acesso gratuito à formação intensiva em programação (Code for All/Kode Verde).
Questionado pela Lusa sobre a realização de um evento tecnológico em Cabo Verde, o empreendedor e tecnológico irlandês admitiu que está a estudar essa possibilidade, embora à escala do país, diferente da maior conferência de tecnologia e empreendedorismo do mundo, a Web Summit, que se realiza anualmente em Lisboa.
"Fazemos muitos eventos em todo o mundo, as pessoas pensam sempre na Web Summit, porque é muito grande, com 70 mil pessoas, mas também organizamos muitos eventos com 100 ou 150 pessoas. Penso que [Cabo Verde] podia ser uma localização fantástica para um evento com o tamanho certo e o foco correto", explicou.
Com uma taxa de penetração de produção de energias através de fontes de renováveis que em 2018 foi de 20,3% do total e que não tem parada, sobretudo assente na geração fotovoltaica e eólica, e a previsão de chegar aos 100% em 2050, Paddy Cosgrave sublinhou que esse pode ser precisamente o mote de uma conferência em Cabo Verde.
"Fazemos muito trabalho sobre a inovação relacionada com os oceanos e o ambiente, incluindo energias renováveis. Acho que é extraordinária a percentagem de energia que aqui é gerada pelas renováveis, por isso estas são áreas para analisar", disse.
Além de fundador da WebSummit, Paddy Cosgrave é também responsável por outros eventos tecnológicos e de diferentes perspetivas em vários países.
Em Cabo Verde, Paddy Cosgrave vai visitar o futuro Parque Tecnológico do país e participará ainda no evento CV Next, num encontro com empreendedores nacionais e no lançamento do projeto Bolsa Cabo Verde Digital e Kode Verde, a Academia de Código do Programa Cabo Verde Digital.
A Bolsa Cabo Verde Digital é outro projeto do Governo, que prevê apoiar até 100 jovens e um total de 50 'startups' tecnológicas com bolsas e acompanhamento empresarial, além de oportunidades de incubação nas empresas de telecomunicações e nas universidades cabo-verdianas.
De acordo com informação do Governo cabo-verdiano, o objetivo é "transformar Cabo Verde numa plataforma digital", ancorada no "desenvolvimento de capacidades e plataforma de serviços".
"É neste contexto que Cosgrave estará de visita a Cabo Verde, alinhado com a visão do executivo, de atrair para o território nacional, personalidades do mundo ICT [Tecnologias de Informação e Comunicação] numa perspetiva de, entre outros, dar aos jovens talentos cabo-verdianos, a oportunidade de se relacionarem diretamente com os 'game changers' do mundo tecnológico", segundo uma nota do Governo.
Citando o secretário de Estado da Inovação, Pedro Lopes, a nota acrescenta que a visita do fundador da Web Summit a Cabo Verde visa mostrar os empreendedores de base tecnológica, bem como "a ambição de ser um país que pode prestar serviços de tecnologia para todo o Continente Africano".
"A ousadia de construir um Cabo Verde Digital que quer fazer pontes entre continentes e que quer atrair talentos e empresas para que em conjunto com os jovens cabo-verdianos possam gerar ideias e concretizar soluções de futuro, no presente", destacou Pedro Lopes.