Decisão de Londres e Paris de não excluir Huawei podem influenciar Europa

A França, tal como o Reino Unido, não vai excluir a chinesa Huawei do 5G, decisões que deverão influenciar as posições dos restantes Estados-membros, sendo que até agora Bruxelas não baniu a operadora do mercado único.

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Lusa
13/02/2020 17:50 ‧ 13/02/2020 por Lusa

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5G

Depois de Londres, a decisão de Paris é mais um revés para os Estados Unidos, que têm utilizado a diplomacia para pressionar a União Europeia a banir a Huawei do desenvolvimento da quinta geração móvel (5G) por questões de segurança, tal como Washington fez, acusando a empresa chinesa de espionagem, o que a fabricante tem refutado.

Até ao momento, nenhum país da União Europeia baniu a Huawei, mas países como a França e Reino Unido colocaram algumas restrições.

No final de janeiro, a Comissão Europeia aconselhou os Estados-membros a aplicarem "restrições relevantes" aos fornecedores considerados de "alto risco" nas redes 5G, incluindo a sua exclusão dos seus mercados para evitar riscos "críticos", mas em nenhum momento se referiu diretamente à Huawei.

Estas recomendações constam da "caixa de ferramentas" ['toolbox'] da União Europeia (UE) para o 5G, na qual apresenta "ações-chave" para os países da União implementarem no sentido de mitigarem eventuais ciberataques, ações de espionagem ou qualquer outra ilicitude relativa ao desenvolvimento da tecnologia.

Em 28 de janeiro, o Governo britânico, liderado por Boris Johnson, anunciou que iria permitir à gigante chinesa Huawei uma participação "limitada" no desenvolvimento da rede 5G no Reino Unido.

O Conselho de Segurança Nacional britânico considerou que os fornecedores considerados "de alto risco", como a Huawei, podem desempenhar um papel "periférico" dentro do 5G.

Os próprios serviços britânicos, MI5, consideram que o risco é controlável.

Assim, a Huawei pode ter "uma presença minoritária limitada, de não mais de 35%, na periferia da rede, que liga "os dispositivos e o equipamento com as antenas de telefones móveis", estando ainda excluída de áreas geográficas "sensíveis", como bases militares e fábricas nucleares" no Reino Unido, como também não poderá participar em redes relacionadas com a segurança dentro infraestruturas nacionais "críticas".

Entretanto, no início deste mês, o grupo britânico Vodafone anunciou que iria retirar no prazo de cinco anos a Huawei do núcleo da sua rede 5G, o que lhe custará 200 milhões de euros, o que terá reflexo nas suas subsidiárias (Portugal incluído).

Mas apesar de retirar a chinesa do núcleo, o grupo Vodafone continuará a trabalhar com a Huawei como fornecedor de rádio.

Outra operadora que também prevê uma decisão similar é a espanhola Telefónica, que pretende retirar a chinesa do seu núcleo de 5G, mas que continuará a trabalhar com a Huawei noutras áreas.

Por sua vez, o ministro da Economia francês, Bruno de Le Maire, garantiu hoje que a Huawei não seria excluída, mas avisou que haverá restrições para proteger "os interesses de soberania" de França.

"A Huawei não será descartada do 5G em França", afirmou Le Maire, quatro dias depois de Pequim ter avisado contra possíveis medidas discriminatórias contra o país.

"É perfeitamente compreensível que possa, num momento ou noutro, privilegiar um operador europeu", mas "se a Huawei tiver uma melhor oferta a apresentar, num momento ou noutro, do ponto de vista técnico, do ponto de vista do preço, poderá ter acesso ao 5G em França", acrescentou o governante francês.

No entanto, "se houver instalações críticas, instalações militares, zonas nucleares próximas, colocaremos um certo número de restrições para proteger os nossos interesses ao nível da soberania", prosseguiu.

A Alemanha ainda não anunciou a sua decisão, mas em dezembro a chanceler alemã, Angela Merkel, tinha declarado ser "contra a exclusão, à priori, de uma empresa específica" e prometeu "fazer tudo para garantir a segurança" das infraestruturas do país.

Em meados de janeiro último, o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, sugeriu que o país não poderia construir uma rede de 5G sem a gigante tecnológica Huawei, pelo menos por agora.

Na altura, o governante terá afirmado que seria "contra a retirada de um produto do mercado apenas porque existe a possibilidade de algo acontecer".

De acordo com o Frankfurter Allgemeine Zeitung, Horst Seehofer defendeu que a Alemanha tem de ser protegida contra a espionagem e sabotagem, mas 'fechar' os operadores chineses significaria atrasar a construção da nova rede entre cinco a dez anos.

Apesar das pressões dos Estados Unidos, a Europa continua a trabalhar com a Huawei. É preciso não esquecer que a tecnológica chinesa está fortemente presente no mercado europeu desde a quarta geração móvel (4G), o que lhe confere um papel importante no arranque do 5G.

Isto porque, numa primeira fase, o 5G vai operar sob a rede 4G.

Há quem aponte que a 'guerra' entre os Estados Unidos e a China é tecnológica, uma vez que a Huawei é atualmente a empresa mais bem preparada para o 5G. Quem ganhar a corrida da 'quinta geração' irá liderar a tecnologia nos próximos anos.

Independentemente das verdadeiras razões, o certo é que o tema em torno do 5G e da Huawei veio para ficar.

Além dos Estados Unidos, também a Austrália e Nova Zelândia baniram a Huawei.

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