A carta do Ministério dos Negócios Estrangeiros do México, que Claudia Sheinbaum leu na sua conferência matinal, refere que "o nome Golfo do México não obedece a uma imposição de uma única fonte governamental, como erradamente sugere o Google".
"Pelo contrário, é um nome aceite e historicamente registado, que, além de constituir um costume internacional, está legalmente registado nos índices da Organização Hidrográfica Internacional (OHI), da qual fazem parte tanto o México como os Estados Unidos", disse.
O governo mexicano enviou esta carta para apresentar as suas reivindicações após a decisão do Google, que explicou na terça-feira na rede social X que renomeou o Golfo nos seus mapas para os Estados Unidos com o argumento de que é o nome oficial atual dessa área nesse país.
Mas o principal argumento de Sheinbaum é que a ordem assinada por Trump no seu primeiro dia de mandato, a 20 de janeiro, se aplica à plataforma continental do Golfo nos Estados Unidos, mas não à massa de água internacional.
A Presidente indicou que o direito internacional estabelece 12 milhas náuticas de soberania do Estado a partir da linha da costa, de modo que "se um país quiser mudar o nome de algo no mar seria apenas para as 12 milhas náuticas, não pode ser para o resto, neste caso, do Golfo do México".
"É fundamental que se saiba que, tendo em conta que o Golfo do México abrange áreas marinhas de três países, México, Cuba e Estados Unidos, o caso do decreto só poderia corresponder às 12 milhas náuticas a partir das costas dos Estados Unidos", observou.
Sheinbaum lembrou que nos mapas do século XVII, que já faziam referência ao Golfo do México, o atual território dos Estados Unidos e do Canadá também era chamado de "América Mexicana", razão pela qual ela também brincou com a possibilidade de pedir ao Google essa mudança.
"No final, pedimos ao Google que mostrasse o mapa que apresentámos em tempos no motor de busca quando se escreve América Mexicana", disse.
Na rede social X, a Google anunciou terça-feira ter renomeado o Golfo nos seus mapas para os Estados Unidos, argumentando que é o atual nome oficial da zona de acordo com Washington.
Uma das primeiras decisões de Donald Trump após ter tomado posse do cargo de Presidente, a 20 de janeiro, foi mudar o nome do Golfo do México para 'Golfo da América' e eliminar o nome indígena que o seu antecessor Barack Obama deu à montanha mais alta do país, a Denalim, no Alaska.
Trump justificou a decisão com a vontade de restaurar o nome antigo da montanha, que homenageava o Presidente William McKinley (1897-1901), admirado pelo atual chefe de Estado pelo seu uso das tarifas como ferramenta política e pelo seu historial colonialista.
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