"Este 'tweet' não está mais disponível porque violou as regras do Twitter", pode ler-se na conta do perfil do Presidente, Jair Bolsonaro.
Nos dois vídeos apagados, o Presidente do Brasil, de 65 anos, defendeu o fim das medidas de contenção em vigor em muitos estados do país e o uso de cloroquina no tratamento da doença, apesar da eficácia do medicamento ainda não ter sido totalmente comprovada.
Numa nota enviada aos 'media' locais, o Twitter lembrou que recentemente incluiu nos seus critérios de exclusão mensagens que fossem "contra informações de saúde pública direcionadas por fontes oficiais e que poderiam colocar as pessoas em maior risco de transmitir a covid-19".
O primeiro dos vídeos bloqueados foi em Taguatinga, uma das cidades satélites da capital brasileira, no qual se via Bolsonaro a conversar com um vendedor ambulante de espetos de carne.
"Eu conversei com as pessoas e elas querem trabalhar. É o que eu disse desde o início. Vamos tomar cuidado, com mais de 65 [anos] deve ficar em casa", disse o governante.
Por outro lado, defendeu que a cloroquina, um medicamento usado contra a malária e outras doenças, "está funcionando em todos os lugares" contra o novo vírus.
Neste domingo, o governo do estado da Bahia (nordeste) anunciou a morte por covid-19 de um homem de 74 anos que havia tomado o medicamento.
No segundo vídeo, num supermercado, volta a motivar aglomerações, critica as medidas de isolamento e diz aos jornalistas que "o país fica imune quando 60, 70% forem infetados" e que um remédio contra o novo coronavírus "já é uma realidade".
Bolsonaro, por decreto, permitiu que casas de lotarias e templos religiosos continuassem em funcionar, embora a Justiça tenha revogado a medida. No entanto, neste domingo, anunciou que vai recorrer.
Apesar de o ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, ter frisado, no sábado, a necessidade de isolamento social para evitar o avanço da doença, Jair Bolsonaro contrariou as recomendações sanitárias de quarentena no país e passeou pelas localidades de Ceilândia, Sobradinho e Taguatinga, na área metropolitana de Brasília.
As visitas surpresa do Presidente brasileiro, que não constavam da agenda oficial, aconteceram também após várias críticas de Bolsonaro à forma como diversos estados, nomeadamente São Paulo, têm reagido à pandemia.
"Temos o problema do vírus, ninguém nega, mas também a questão do desemprego. O emprego é essencial", insistiu o chefe de Estado aos jornalistas após a visita a Brasília.
O número de mortos no Brasil devido ao novo coronavírus aumentou hoje para 136, sendo que o país ultrapassou hoje os quatro mil casos confirmados da doença, registando 4.256 infetados, informou o Ministério da Saúde do país.
Segundo o Executivo brasileiro, a taxa de mortalidade da covid-19 no Brasil é de 3,2%, de momento.
O país sul-americano registou um aumento de 352 infetados e de 25 óbitos nas últimas 24 horas, sendo que todas as regiões do Brasil - norte, nordeste, sudeste, centro-oeste e sul - têm mortes confirmadas.
São Paulo é o estado brasileiro mais afetado, totalizando 98 mortos e 1.451 infetados. Segue-se o Rio de Janeiro com 17 óbitos e 600 infetados e o Ceará que, até ao momento, contabilizou cinco vítimas mortais e 348 casos positivos da covid-19.
O sudeste brasileiro, que engloba os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, é a região com o maior número de infetados, totalizando 2.342 casos confirmados do vírus. No lado oposto está a região norte do país, com 227 casos de infeção.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 697 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 33.200.
A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 6.528, entre 78.747 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são o que tem maior número de infetados (mais de 124 mil).
Dos casos de infeção, pelo menos 137.900 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 382 mil infetados e mais de 23 mil mortos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 10.779 mortos em 97.689 casos registados até hoje.
Os países mais afetados a seguir a Itália, Espanha e China são o Irão, com 2.640 mortes reportadas (38.309 casos), a França, com 2.606 mortes (40.174 casos) e os Estados Unidos com 2.351 mortes (132.637 casos). Na Alemanha existem mais de 50 mil pessoas infetadas e registaram-se 389 vítimas mortais.
O número de mortes causadas pela covid-19 em África subiu para 142 com os casos acumulados a aproximarem-se dos 4.500 casos em 46 países, segundo a mais recente atualização das estatísticas sobre a pandemia.