"Uma das nossas missões é lutar pelo eSports como um desporto de facto, pois achamos que temos condições para tal", adiantou à agência Lusa o responsável pela Federação Portuguesa de Desportos Electrónicos (FPDE), Tiago Fernandes.
Apesar de reconhecer uma maior exposição mediática enquanto os "desportos tradicionais estão parados", o responsável pela FPDE recusa que se olhe para os eSports como um "desporto inferior".
"Os eSports têm vindo mais para o 'mainstream' nos últimos tempos, pois tem havido um cruzamento entre os desportos tradicionais e eletrónicos. Há imensas iniciativas entre futebolistas e pilotos e jogadores de eSports, o que tem ajudado a promover os desportos eletrónicos", realçou.
Apesar do mediatismo, a pandemia de covid-19 afetou o setor, que é dependente dos patrocínios empresariais, registando-se atualmente "poucos investimentos" e, consequentemente, um "impacto grande".
Tiago Fernandes destacou ainda como positivo o facto de os eSports se terem adaptado rapidamente à necessidade de ter cenários competitivos 100% 'online', depois de "todos os eventos presenciais terem sido cancelados ou adiados para 2021.
O dirigente considerou que os jogos eletrónicos em Portugal estão a "seguir a tendência de crescimento a nível mundial em todas as vertentes", como atletas, clubes e espetadores.
E estimou que exista um universo de um milhão de praticantes em Portugal, sendo que desses há 10 mil amadores "que praticam regularmente e aspiram a ser profissionais", 100 semiprofissionais e 10 totalmente profissionais.
A FPDE, criada em 2016, é uma das entidades envolvida num projeto federativo para o eSports, sendo ainda membro da Federação Europeia de Desportos Eletrónicos e da Federação Internacional de Desportos Eletrónicos.
"É como se pertencêssemos à UEFA e à FIFA dos desportos eletrónicos. Já estamos na fase final do processo de instrução para a obtenção de utilidade pública em Portugal", acrescentou.
Já o presidente da Federação Portuguesa de Desporto Eletrónico (FEPODELE) destacou que, ao contrário de todos os outros desportos, o eSports foi o único que a pandemia não parou.
"Os eSports podem ser jogados tanto presencialmente como em casa dos atletas e isso permitiu que todas as competições continuassem a acontecer", frisou Marco Janeiro.
Para o responsável pela FEPODELE, a pandemia de covid-19 permite demonstrar, "principalmente às entidades ligadas ao desporto em Portugal, que os eSports podem ser uma salvação face a uma situação como esta".
A pandemia permitiu ainda constatar que estes jogos têm uma componente social que permite combater o isolamento, pois os atletas estão em constante comunicação, disse ainda.
A FEPODELE, que existe desde 2017, está também está envolvida no projeto federativo para os eSports e Marco Janeiro realçou que este projeto "apenas se mantém vivo se os eSports forem considerados um desporto" em Portugal.
"Se algum dia o primeiro-ministro, Presidente da Republica ou outro responsável disser que os eSports nunca serão desporto, deixamos de existir", vincou Marco Janeiro.
Ainda assim, o responsável deu conta de "um mercado ao rubro" durante a pandemia, seja a nível de venda de videojogos, consolas ou nas plataformas de transmissão.
"A Twitch [plataforma para a transmissão de videojogos] quase triplicou os números de visualizações em Portugal, pois tinha 170 mil a 200 mil utilizadores únicos por dia, e agora são meio milhão durante a quarentena. E está é apenas uma das plataformas", sublinhou.
Também a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) criou em 2017 a FPF eSports, que conta com 17 mil jogadores inscritos, mais de 260 clubes e já realizou mais de 12 mil jogos.