Tanto a agência governamental britânica para a cibersegurança (NCSC) como a agência de segurança de infraestruturas e cibersegurança norte-americana (CISA) anteveem um aumento deste tipo de crimes "nas próximas semanas e meses", segundo indicou um comunicado conjunto.
De acordo com as agências do Reino Unido e dos Estados Unidos, tais ataques têm como potencial alvo organizações nacionais e internacionais de saúde, empresas farmacêuticas, entidades de investigação médica e instituições locais para "presumivelmente" reunir informações relacionadas como o novo coronavírus.
Na nota informativa, as agências governamentais mencionam os grupos identificados como Advanced Persistent Threat (APT), designação atribuída pela NCSC e CISA a ataques informáticos com um elevado grau de sofisticação e regularmente relacionados com governos estrangeiros, nomeadamente da Rússia, China, Coreia do Norte e Irão.
O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, realçou hoje, já em declarações à comunicação social, que este tipo de ciberataque é realizado por grupos "particularmente perigosos", indicando que as ações até à data identificadas têm vários propósitos, que variam entre a "fraude" ou a "espionagem".
Estas ações visam "roubar dados pessoais", "propriedade intelectual" ou informações mais amplas e estão "frequentemente associadas a atores estatais", acrescentou o chefe da diplomacia britânica.
Após a descoberta destas "cibercampanhas mal-intencionadas" visando organizações de saúde e de investigação médica, as agências de cibersegurança do Reino Unido e dos Estados Unidos estão a emitir alguns conselhos para fortalecer a segurança dos sistemas informáticos destas entidades.
"Proteger o setor da saúde é atualmente a principal prioridade da NCSC", disse o diretor de operações da agência britânica, Paul Chichester, indicando que o organismo está a trabalhar "de forma estreita" com o sistema de saúde público britânico (NHS).
"A CISA está a dar prioridade (...) à saúde e às organizações privadas que prestam serviços e assistência médica, num esforço conjunto para evitar incidentes e permitir que estas entidades estejam concentradas na resposta à covid-19", afirmou, por sua vez, o diretor-adjunto de cibersegurança da agência norte-americana, Bryan Ware.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias France Presse (AFP), a pandemia de covid-19 já provocou mais de 251 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.