Segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post, a decisão chega numa altura em que o país asiático tenta conter a desinformação nas redes sociais, mas que, neste caso, teria como objetivo atenuar as atuais disputas entre Washington e Pequim.
Uma das últimas mensagens difundidas naquela conta, designada Zhidao Xuegong ("Fórum Académico da Verdade Suprema"), alegou que o "coronavírus matou um milhão de pessoas nos EUA" e que "os cadáveres muito provavelmente estão a ser transformados em carne congelada, vendidos como sendo carne de porco, ou transformados em carne de hambúrguer ou cachorro-quente".
"O canibalismo já existia nos EUA antes e, há poucas décadas, os norte-americanos comiam negros, indianos e chineses", escreveu o autor do texto, apelidado de "Sr. Cloud".
O artigo recebeu mais de 100.000 visitas, segundo o jornal.
Outras mensagens difundidas na mesma conta, que tinha milhões de seguidores, afirmavam que "aprender inglês torna as pessoas estúpidas".
A conta foi criada por grupos ultra-nacionalistas chineses em conluio com empresários que tentam capitalizar as más relações entre a China e os Estados Unidos, segundo vários especialistas citados pelo jornal.
O encerramento ocorreu logo após a Administração do Ciberespaço da China iniciar uma campanha de oito meses, na última sexta-feira, para remover "informações ilegais e falsas" da Internet.
"A conta foi encerrada porque foi longe demais e pode ser contraproducente", notou o professor Zhan Jiang, da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim.
A empresa chinesa Tencent, criadora do WeChat, fechou a conta e outras contas relacionadas por "inventar factos, alimentar a xenofobia e enganar pessoas", acrescentou o jornal.
Além disso, a empresa fechou outras 2.500 contas por "conteúdo enganoso" e outras 20.000 por difundirem "notícias falsas" desde o início do surto de covid-19.
Em 01 de março, uma nova legislação entrou em vigor na China para regulamentar o ciberespaço chinês, tornando a disseminação de rumores um crime, embora em algumas ocasiões o regime considere como "rumores" notícias que se desviam da "verdade oficial" ou são negativas para a imagem do Governo.