Huawei: Operadoras europeias merecem ter liberdade de escolha

O vice-presidente para a Europa da Huawei, Abraham Liu, considerou, em entrevista à Lusa, que as operadoras de telecomunicações europeias "merecem ter liberdade de escolha", no âmbito do desenvolvimento da rede de nova geração 5G.

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Lusa
03/12/2020 07:22 ‧ 03/12/2020 por Lusa

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"Penso a Europa como um mercado único digital, as operadoras merecem ter liberdade de escolha", afirmou Abraham Liu, que também é representante máximo da Huawei junto das instituições comunitárias, quando questionado sobre a situação da empresa chinesa naquela região, no âmbito do 5G.

Embora a União Europeia não tenha excluído a Huawei do 5G, no âmbito da 'guerra' entre os Estados Unidos e a China, alguns países europeus, sendo o caso mais recente a Suécia, pretendem excluir a tecnológica chinesa.

"A caixa de ferramentas ['toolbox' criada pela UE para questões de cibersegurança] foi desenhada para tentar ter uma abordagem unificada", defendeu o responsável.

No entanto, a sua implementação demonstra que "há a possibilidade de haver um mercado único digital fragmentado", isto porque, "colocando no contexto de que uma única operadora terá diferentes opções de disponibilidade em termos de fornecedor em diferentes Estados-membros".

Esta é "um óbvio desafio para qualquer operador internacional na Europa", disse.

Abraham Liu citou o presidente executivo da Ericsson, que criticou recentemente a decisão da Suécia em banir a Huawei, apontando tratar-se da "voz da indústria".

"O que está a acontecer, especialmente na Europa nos últimos meses", disse, resulta do facto de os líderes europeus continuarem a fazer lóbi contra a empresa.

Os Estados Unidos acusam a Huawei de espionagem e de ser um risco para a segurança das redes de 5G, o que a tecnológica tem refutado.

"É uma espécie de pressão sobre a indústria, demasiado politizada, mas os europeus têm a sua maneira europeia de gerir a questão da cibersegurança", prosseguiu, considerando que um padrão comum elevado para todos deverá ser a abordagem certa para enfrentar o desafio.

"Estamos todos a entrar no mundo digital, mas todos sabemos que a segurança é uma precondição e estamos [Huawei] comprometidos a ser parte da solução, nunca fomos o criador do problema", sublinhou.

Abraham Liu apontou que se for verificado o histórico de acidentes ou ciberataques nas redes, em termos mundiais, não há registo que algum tenha vindo "do equipamento 'hardware' da Huawei".

Os fornecedores de tecnologia, operadores, governos ou reguladores, todos se sentam "na mesma mesa" para encontrar "o melhor caminho" para resolver o problema e enfrentar estes desafios, sublinhou, defendendo um "padrão comum elevado que todos devem cumprir".

Questionado sobre o facto de a Huawei não estar no 'core' (parte central) das infraestruturas de 5G na Europa, como acontece em Portugal, Abraham Liu salientou que "diferentes países têm a sua própria dinâmica" no leilão das frequências de quinta geração.

"Nós não estamos no negócio da operação da rede, não somos o operador", acrescentou.

"Respeitamos onde quer que seja, qualquer governo, eles têm a sua própria agenda" nesta matéria, disse.

O vice-presidente para a Europa da Huawei defendeu a colaboração global e apontou que, apesar das acusações dos Estados Unidos, os fornecedores tecnológicos norte-americanos marcam presença na China.

"Todos têm institutos de investigação na China e fábricas", disse.

"O lado político desta discussão não ajuda, a questão a ser resolvida está no outro lado: deixar a indústria ter liberdade de fazer o que costumava fazer", defendeu.

Isto porque o "sucesso da Huawei é também o sucesso deles [Estados Unidos]. Não é ao contrário", que o sucesso da Huawei significa que eles perdem, salientou o responsável.

"Sabe, a Huawei é a inimiga (...), mas apenas no ano passado nós comprámos cerca de 18 mil milhões de dólares norte-americanos em produtos e serviços da América. Somos parte do ecossistema", reiterou.

Para Abraham Liu, retirar a Huawei da cadeia de fornecedores, para se distanciar da cadeia de fornecimento americana "não é bom, de todo, para a indústria" daquele país.

No meio desta 'guerra' tecnológica entre os Estados Unidos e a China está também a liderança económica resultante do desenvolvimento do 5G.

"Oiça, o 5G é apenas uma árvore. E depois o 5G desenvolve indústrias. E essas indústrias verticais são as florestas" e quem utilizar melhor a tecnologia, "desenvolvendo uma indústria mais forte, vai vencer no futuro", numa economia competitiva global, concluiu.

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