A rede social que muitos apoiantes de Donald Trump publicitaram no Twitter - depois da suspensão do governante norte-americano naquela plataforma - está a sofrer consequências significativas por se ter assumido como uma plataforma para "liberdade de discurso", uma alternativa às redes sociais convencionais.
Nos últimos meses, a Parler granjeou de um crescimento meteórico nos Estados Unidos, por causa de milhões de apoiantes do presidente republicano que migraram para lá do Facebook e do Twitter, à medida que estas redes foram apertando as restrições à desinformação e incitação de violência.
Na sexta-feira, o Twitter decidiu pela suspensão definitiva da conta de Donald Trump, depois de uma "revisão minuciosa" das duas últimas mensagens do presidente cessante, nas quais defendia os apoiantes e anunciava que não assistiria à cerimónia de tomada de posse do presidente eleito, o democrata Joe Biden, em 20 de janeiro.
No sábado de manhã, o Parler era a aplicação grátis mais descarregada na loja virtual da Apple, nos Estados Unidos. No sábado à noite, porém, já estava em muito maus lençóis.
Primeiro, a Apple e a Google removeram a app das suas lojas virtuais, justificando que a plataforma não escrutinava de forma satisfatória as publicações dos seus utilizadores, permitindo a incitação de violência e crime - mesmo depois de ter sido avisada pela Apple que precisava de fazer esse controlo. Depois, no sábado à noite, a Amazon avisou a Parler que iria removê-la dos seus servidores por violações consecutivas das regras de utilização da multinacional. De acordo com o New York Times, a Amazon enviou à Parler 98 exemplos de publicações no seu site que incitam à violência e que a maior parte continuam ativos.
Se a Amazon cumprir a ameaça, isso significaria que toda a plataforma da Parler ficaria offline até encontrar um novo servidor.
"Responsabilidades mais claras para as plataformas 'online'"
Recorde-se que as plataformas digitais, como o Facebook e o Twitter, podem ser obrigadas a partilhar dados com autoridades reguladoras da União Europeia (UE) perante "preocupações concretas" sobre desinformação, para evitar motins como os ocorridos esta semana nos Estados Unidos.
A nova Lei dos Serviços Digitais, apresentada em meados de dezembro passado pela Comissão Europeia ao Conselho e ao Parlamento Europeu, define "responsabilidades mais claras para as plataformas 'online'" e "regras para assegurar uma maior responsabilização sobre o modo como as plataformas moderam os conteúdos", nomeadamente as chamadas 'fake news', informou fonte oficial do executivo comunitário à agência Lusa.
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