Governo defende "justo equilíbrio" entre benefícios e riscos da IA

A secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, defendeu hoje a necessidade de encontrar um "justo equilíbrio" entre os benefícios e os riscos da inteligência artificial, de forma a assegurar a "confiança" dos cidadãos.

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Lusa
12/05/2021 17:23 ‧ 12/05/2021 por Lusa

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UE/Presidência

"No domínio da inteligência artificial [IA], a confiança é um imperativo, não um acessório", frisou a governante no encerramento da conferência virtual "Inteligência Artificial e o Futuro do Jornalismo - A IA tomará posse do 4.º Poder?".

Ana Paula Zacarias apelou, nesse sentido, para a necessidade "fundamental" de encontrar um "justo equilíbrio entre os benefícios e as questões problemáticas de ética" que a IA pode suscitar.

Reiterando a importância da existência de mecanismos e de meios de comunicação "livres e pluralistas", a responsável realçou que, nas sociedades democráticas europeias, os profissionais da informação têm de estar "no centro e não podem, de nenhuma forma, ser substituídos pelas máquinas".

Apesar de admitir que a IA é "importante para o futuro da imprensa", permitindo, por exemplo, "a tradução automática com maior rapidez" e a análise "comparativa de dados bastante complexos", a secretária de Estado apontou riscos como "a proliferação da desinformação" ou o "'deepfake'", uma técnica de síntese de imagens ou sons usada, por exemplo, para combinar uma fala com um vídeo pré-existente.

Nessa medida, acrescentou, a IA pode "interferir com o direito à informação dos cidadãos" ou "contribuir para amplificar o discurso de ódio".

"Os algoritmos podem ser tendenciosos, discriminatórios, redutores e precisam de ser, seguramente, bastante mais transparentes", sublinhou.

Para isso, Ana Paula Zacarias destacou a necessidade de ter "bons argumentos", "boa legislação a nível europeu" e "boa coordenação entre as instituições europeias e os Estados-membros", o que se traduzirá em "mais democracia e melhor Estado de Direito".

Intervindo no encerramento da mesma conferência, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, assinalou que "uma imprensa livre não depende única e exclusivamente de um quadro legal", mas também da sua "sustentabilidade económica".

De forma a "assegurar jornalismo de qualidade", Graça Fonseca argumentou que a IA "pode e deve ser usada como um instrumento de apoio ao trabalho de jornalistas, assim como uma ferramenta para o desenvolvimento de soluções adequadas aos desafios que se colocam ao setor dos 'media'".

Isto porque a IA tem um "enorme potencial" para a transição digital, para o desenvolvimento de futuros modelos de negócio dos 'media' e para o desenvolvimento da profissão de jornalista.

Apesar disso, e concordando com Ana Paula Zacarias, a ministra da Cultura ressalvou a existência de riscos na aplicação da IA que "são e podem ser potencialmente disruptivos dos sistemas democráticos".

A governante sublinhou ainda "um dos papéis fundamentais do jornalismo", nomeadamente o de impedir os cidadãos de serem "ilhas morais", de se pensarem "isolados".

"O jornalismo é fundamental à democracia não apenas pela sua saudável vigilância, mas pela sua capacidade de promover a empatia, de nos mostrar o outro e todas as suas perspetivas", concluiu.

Leia Também: Responsáveis dos Assuntos Europeus preparam já a próxima cimeira

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