Nova aplicação móvel do FBI por detrás de operação que fez 800 detenções

Uma operação policial em todo o mundo com base numa plataforma digital que decifra mensagens em código desenvolvida pelo FBI permitiu "um golpe sem precedentes" em grupos de crime organizado, disseram hoje as autoridades.

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Lusa
08/06/2021 12:11 ‧ 08/06/2021 por Lusa

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A operação Trojan Shield envolveu forças polícias de 16 países, entre as quais o FBI e a Europol, que fizeram mais de 800 detenções e apreenderam 32 toneladas de estupefacientes: cocaína, canábis, anfetaminas e metanfetaminas.

Na mesma ação das forças policiais foram apreendidas 250 armas de fogo, 55 carros de luxo e 48 milhões de dólares em dinheiro e cripto moedas.  

A comandante da Polícia Federal australiana disse que se tratou de um momento muito importante na história da luta contra o crime, a nível mundial. 

A chefe da polícia holandesa, Jannine van den Berg, afirmou que a operação foi uma ação sem precedentes contra as redes de crime em todo o mundo.

A ação das várias forças policiais envolvidas teve como origem as anteriores operações de neutralização de duas plataformas digitais de comunicações por telemóvel - EndroChat e SkyECC - usadas sobretudo por traficantes de estupefacientes.  

O controlo foi conseguido através de uma nova aplicação (ANOM) desenvolvida pelas autoridades policiais norte-americanas, nomeadamente pelo FBI, e que acabou por ser utilizada por mais de 12 mil membros de grupos de crime organizado em todo o mundo.

"Verifica-se um 'vazio' nas plataformas de conversação encriptadas", disse Calvin Shivers do FBI.

"A circunstância criou uma oportunidade de colaboração com os nossos parceiros internacionais, não apenas na criação de uma ferramenta específica, mas também no desenvolvimento de um processo para alcançar informações", acrescentou.

A aplicação desenvolvida pelo FBI foi a matriz da operação Trojan Shield, que também envolveu a Europol e outras forças polícias de mais de dez países. 

"As informações começaram a ser conhecidas ao longo da semana passada, levando a centenas de operações policiais em todo o mundo: da Nova Zelândia à Austrália passando pela Europa e os Estados Unidos, com resultados impressionantes", dissera anteriormente Jean-Philippe Lecoufe, diretor adjunto da Europol.

"Mais de 800 detenções e mais de 700 rusgas e oito toneladas de cocaína apreendidas", acrescentara antes o mesmo responsável em conferência de imprensa.

A operação global permitiu às forças de segurança vigiar e controlar os grupos de crime organizados no embarque de estupefacientes e outros atos criminosos. 

A informação recolhida foi analisada tendo permitido "evitar assassínios" e apreender "drogas e armas", disse ainda Calvin Shivers.

As primeiras entidades a revelarem os resultados da operação foram as forças policiais da Austrália e da Nova Zelândia ao referirem-se "a um duro golpe" contra "centenas de criminosos" através do uso de uma aplicação de telemóvel capaz de decifrar mensagens escritas.

As autoridades australianas disseram que prenderam 224 pessoas e que quatro toneladas de estupefacientes foram aprendidas, tendo ajudado a culminar investigações que se prolongavam há três anos.

A polícia da Nova Zelândia prendeu 35 indivíduos e apreendeu "drogas e dinheiro".

"Hoje o governo australiano, numa operação a nível global, atingiu o crime organizado", disse o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison aos jornalistas.

No ano passado, a polícia europeia conseguiu penetrar no sistema de comunicações EncroChat, usado pelos grupos de crime organizado na Europa.

No passado mês de março, a polícia belga prendeu dezenas de pessoas com recurso à vigilância do sistema de comunicações conhecido como Sky ECC e que permitiu também à apreensão de 17 toneladas de cocaína.

Leia Também: Operação da Europol contra crime organizado faz mais de 800 detidos

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