A Galp anunciou na quarta-feira que vai terminar a atividade de prospeção e pesquisa de novos campos de petróleo e gás a partir do início de 2022, reiterando que, até 2030, tem como objetivo reduzir as emissões absolutas das operações em 40%.
Em junho deste ano a empresa informou, durante o 'Capital Markets Day', que pretende alocar cerca de 50% do investimento líquido anual de entre 800 milhões e mil milhões de euros em energias renováveis, com diversificação tecnológica e também geográfica.
Em entrevista à Lusa durante a Web Summit, em Lisboa, Brown disse que há "três regiões nas quais estamos particularmente interessados: Europa, América Latina e América do Norte e vamos olhar para elas nessa sequência".
A Galp é líder na energia solar na Península ibérica após ter, em setembro de 2020, concluído a constituição de uma 'joint venture' com a espanhola ACS para desenvolver uma carteira de projetos em Espanha, com uma capacidade de geração de energia total de 2,9 gigawatts (GW), um estatuto que reforçou em agosto deste ano com a aquisição de projetos fotovoltaicos, também em Espanha, com capacidade de 220 megawatts.
Em outubro a empresa anunciou que vai entrar no mercado das renováveis no Brasil, com dois projetos solares, com capacidade total de 594 MWp, em desenvolvimento nos estados da Bahia (282 MWp) e do Rio Grande do Norte (312 MWp), que considera permitirem dar um "salto importante" na transformação do seu perfil de negócio e na redução da pegada carbónica.
"Estamos claramente na Península Ibérica e examinaremos outros países europeus se forem interessantes. Na América Latina, estamos no Brasil e vamos olhar para outros países na região", explicou Brown à Lusa.
"E, a certa altura, procuraremos assumir uma posição na América do Norte, é essa a estratégia atual", avançou.
Questionado sobre que tipo de oportunidades a Galp vê na região norte-americana, que conta com a presença de várias operadoras de energia renovável, o CEO apontou para o 'momentum' no mercado.
"É verdade [que é um mercado bastante populado] mas na administração Joe Biden há uma determinação real de impulsionar a penetração das energias renováveis", vincou.
"Há um ecossistema enorme, uma procura enorme, uma estrutura de investimento muito aberta", disse, adiantando que a Galp ainda está a definir qual a estratégia de entrada para a região.
Em relação à diversificação tecnológica nas renováveis, Brown confirmou que a Galp submeteu um projeto no quadro do Programa de Resiliência e Recuperação para a a indústria do lítio, num consórcio que diz ser "o mais viável e potente em termos combinação de empresas para tornar isto uma realidade".
"Esperamos poder fazer um anúncio sobre isto em breve, sobre a composição do consórcio e porque achamos que temos as peças-chave para posicionar Portugal como líder na cadeia de valor das baterias", vincou.
A Galp também vê enorme potencial na área do hidrogénio verde, tendo estabelecido uma meta de 0,6 a 1 gigawatts (GW) de capacidade até ao final da década, passando por 100 megawatts (MW) em 2025.
"Acreditamos que podemos fazer o hidrogénio a partir de energia renovável como o hidrogénio verde para reduzir as emissões de CO2 e tornar os combustíveis que produzimos mais sustentáveis", disse Brown.
"Esse é o núcleo, mas o que queremos fazer é também ser capazes de abastecer camiões de transporte de carga pesada, autocarros dentro da infraestrutura portuguesa, e queremos também trabalhar em parcerias sobre como podemos usar o bloco de construção principal de combustíveis como o amoníaco, como o metanol, como os combustíveis de aviação sustentáveis, porque acreditamos que o hidrogénio se tornará o novo núcleo desse sistema de energia de combustíveis".
O CEO da Galp concluiu que Portugal, "com energias renováveis de baixo custo, tem esta oportunidade de ser muito forte e de ser líder nisso, e o Governo apoia muito isso".
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