Ao final do dia de hoje, as autoridades russas adiantaram que bloquearam o 'site' da televisão britânica BBC e prometeram outras retaliações na "guerra da informação", iniciada, de acordo com o Kremlin, pelo Ocidente.
O regulador Roskomnadzor "bloqueou o 'site' da BBC News na Rússia", indicou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, em mensagens no Telegram.
"Penso que isto é apenas o início da resposta à guerra de informação lançada pelo Ocidente contra a Rússia", acrescentou.
A meio da tarde, foi anunciado que o Roskomnadzor havia bloqueado hoje os 'sites' de pelo menos mais 15 meios de comunicação.
Os 'sites' do meio de comunicação social de investigação jornalística Bellingcat, de 'media' locais russos, bem como da 'media' de língua russa com sede em Israel e na Ucrânia passaram a estar inacessíveis hoje na Rússia.
Estas plataformas de informação passaram igualmente a constar da lista oficial de meios bloqueados pela agência Roskomnadzor.
Entre os 'sites' russos bloqueados estão o independente Kavkazki Ouzel (Kavkaz-uzel.eu), com cobertura da região do Cáucaso, bem como um meio de comunicação regional com sede nos Urais, em Perm (permdaily.ru).
A Roskomnadzor também suspendeu o acesso a dois meios de comunicação de língua russa baseados em Israel, onde há uma grande comunidade de imigrantes da ex-URSS: 9 TV Channel Israel (www.9tv.co.il) e Vesty Israel (www.vesty. co .il).
Vários meios de comunicação ucranianos também foram bloqueados (novosti.dn.ua; bukinfo.ua) e um meio estoniano, o Posttimees, que tem uma versão russa.
Desde o início da guerra contra a Ucrânia, em 24 de fevereiro, as autoridades russas multiplicaram os esforços para controlar as informações sobre o conflito divulgadas na Internet.
Na Letónia, a agência reguladora dos meios de comunicação também decidiu bloquear o acesso de utilizadores a 71 'sites' associados a canais televisivos russos, alegando que colocam em risco a segurança nacional.
Ivars Abolins, presidente do Conselho Nacional de Meios Eletrónicos de Massas (NEPLP), anunciou a proibição durante um noticiário transmitido na terça-feira na televisão pública letã.
Hoje, vários meios de comunicação locais informaram que a Autoridade de Proteção ao Consumidor e Supervisão Técnica (TTJA) impediu que vários 'sites' russos publicassem declarações do Presidente Vladimir Putin, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, e do líder checheno Ramzan Kadyrov.
Tanto a Letónia como a Estónia têm minorias russas que usam plataformas de comunicação russas e que, segundo alguns analistas, foram atraídas para uma "esfera de informação" debaixo do controlo do Kremlin (a Presidência russa).
Embora a televisão pública letã ofereça conteúdo em russo para a minoria de língua russa que não reflita o ponto de vista de Moscovo, o partido nacionalista que faz parte da coligação governamental opõe-se à criação de um serviço independente em russo, argumentando com a necessidade de manter o letão como a única língua oficial.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 691 mortos e mais de 1.140 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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