"A Google cumpre todas as sanções aplicáveis e leis de conformidade comercial. Se descobrirmos que uma conta viola os termos de serviço, tomaremos as medidas apropriadas", referiu a gigante de tecnologia norte-americana à agência de notícias russa independente Interfax.
Em 24 de março, face à ofensiva russa em território ucraniano, os Estados Unidos impuseram sanções contra a Duma (câmara baixa do parlamento) e a 328 deputados.
As autoridades russas acusaram hoje a plataforma Youtube, propriedade da gigante de tecnologia norte-americana Google, de suspender o canal do parlamento da Rússia, prometendo retaliação e denunciando que a medida viola "os direitos" dos russos.
O presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, afirmou que o canal do parlamento russo naquela plataforma digital de 'streaming', Duma-TV, foi bloqueado.
"Os Estados Unidos querem ter o monopólio da disseminação de informação. Não podemos permitir isso", escreveu no Telegram Vyacheslav Volodin.
Na manhã de hoje, jornalistas da agência de notícias AFP em Moscovo constataram que a conta já não estava acessível, com ou sem rede virtual privada (VPN), ferramenta que permite evitar bloqueios.
De acordo com Moscovo, a conta "Duma-TV" tem mais de 145.000 subscritores no Youtube. O canal transmite audiências parlamentares, entrevistas com deputados russos e discussões plenárias em direto.
"Com toda a certeza, o Youtube assinou a sua própria condenação", reagiu também no Telegram a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, pedindo a transferência "rápida" do conteúdo da plataforma da Google para os serviços de vídeo russos.
Nas últimas semanas, numa altura em que ocorre o conflito russo-ucraniano, o Youtube já foi acusado em várias ocasiões por Moscovo de ter bloqueado as contas de órgãos de comunicação social e autoridades russas.
Hoje, o regulador russo de comunicações, Roskomnadzor, pediu à Google para restaurar "imediatamente" a conta da Duma-TV.
Roskomnadzor já havia acusado a Google e o Youtube de atividades "terroristas" em março, o primeiro passo para um possível bloqueio de 'sites' na Internet na Rússia, como o Twitter, o Instagram e vários outros meios independentes desde o início do conflito em território ucraniano.
Desde o início da guerra contra a Ucrânia, em 24 de fevereiro, as autoridades russas multiplicaram os esforços para controlar as informações sobre o conflito divulgadas na Internet.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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