Trata-se do Blender.io, acusado pelo Tesouro norte-americano de envolvimento num dos maiores roubos de moedas virtuais de sempre, ocorrido em 23 de março, e que afetou a empresa do jogo de vídeo 'online' Axie Infinity.

Segundo o Tesouro, o Grupo Lazarus, que reúne 'hackers' (piratas informáticos) patrocinados pela Coreia do Norte, roubou moedas virtuais no valor de 620 milhões de dólares (mais de 586 milhões de euros, ao câmbio atual) ao infiltrar-se no popular jogo de vídeo, que usa criptomoedas.

A Sky Mavis, a empresa que desenvolveu o jogo, anunciou que tinha detetado o ciberataque em finais de março, e Washington ligou-o, desde então, à Coreia do Norte.

Após o roubo, o Grupo Lazarus utilizou o Blender.io para esconder a origem de 20,5 milhões dos 620 milhões de dólares roubados, disse o Tesouro numa declaração citada pela agência espanhola EFE.

Esta é a primeira vez que o Tesouro sanciona um misturador de moedas criptográficas, uma ferramenta que surgiu para proteger a privacidade dos seus utilizadores, mas que alguns grupos utilizam para o branqueamento de dinheiro.

"Os misturadores de moeda virtual que promovem transações ilegais representam uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos", disse o subsecretário do Tesouro, Brian Nelson, num comunicado.

"Estamos a tomar medidas contra as atividades financeiras ilegais da Coreia do Norte e não deixaremos que os roubos e branqueadores de dinheiro patrocinados pelo Estado da Coreia do Norte fiquem sem resposta", advertiu Nelson, segundo a agência francesa AFP.

Num outro comunicado, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acusou a Coreia do Norte de usar estes roubos de moeda virtual para financiar os seus programas de armamento.

"A fim de contornar as duras sanções da ONU e dos EUA, a Coreia do Norte virou-se para o roubo de fundos de trocas de moeda criptográfica e empresas baseadas em cadeias de blocos ['blockchain'] para gerar receitas para os seus programas ilegais de armas de destruição maciça e mísseis balísticos", disse Blinken.

Mesmo assim, Blinken assegurou que os EUA continuam empenhados em lidar com a Coreia do Norte através da diplomacia e apelou ao regime do país asiático "para que se empenhe no diálogo".

Apesar das severas sanções internacionais, o regime de Pyongyang tem intensificado os esforços para modernizar o exército e, desde o início deste ano, tem testado armas proibidas por tratados internacionais.

No final de abril, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, garantiu que o país poderá usar armas nucleares "de forma preventiva" se for ameaçado.

Num comunicado então divulgado, Kim expressou "firme vontade" de continuar a desenvolver forças nucleares para poder "conter e frustrar, de forma preventiva e completa, todas as tentativas perigosas e ações ameaçadoras, incluindo as crescentes ameaças nucleares de forças hostis".

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