Apesar de nenhuma mudança imediata na política da empresa ter sido anunciada até ao final da tarde desta sexta-feira, os utilizadores não deixaram de aplaudir, ou criticar, o que esperam ser uma rápida adoção das promessas do bilionário Elon Musk, que pretende reduzir a moderação, num esforço para promover o discurso livre.
O novo proprietário da rede social anunciou, logo esta sexta-feira, a criação de um "conselho de moderação de conteúdos" que vai ficar incumbido de decidir o restauro de determinados perfis suspensos pela administração anterior daquela plataforma.
Mas personalidades conservadoras começaram a recircular teorias da conspiração há muito desmascaradas, incluindo sobre a covid-19 ou as eleições norte-americanas de 2020, numa tentativa irónica de "testar se as políticas do Twitter sobre desinformação ainda estavam a ser aplicadas.
Especialistas populares de direita publicaram 'chavões' como "ivermectina" [medicamento para matar parasitas divulgado por republicanos e outros conservadores durante o início da pandemia] ou "Trump venceu", para perceber se seriam penalizados pelo conteúdo que sugeriram ter sido sinalizado anteriormente.
"Ok, @elonmusk, is this thing on..?" [Ok, @elonmusk, isto está ligado..?, em português], publicou Steve Cortes, ex-comentador da televisão conservadora Newsmax e conselheiro do ex-presidente Donald Trump, antes de escrever: "Existem dois sexos Trump ganhou Ivermectin rocks".
Ainda na quinta-feira, numa carta para acalmar os anunciantes, Musk tinha prometido que o Twitter não seria uma plataforma "infernal, livre para todos onde qualquer coisa pode ser dita sem consequências".
Mas o público ainda não sabe o que será a nova fase da rede social e o que irá tolerar, com analistas a esperarem para saber quem fica, quem sai e quem pode potencialmente voltar, após ter sido banido, com Trump logo à cabeça.
A agência Associated Press (AP) verificou pelo menos uma dúzia de outras contas do Twitter que foram suspensas pela plataforma - incluindo aquelas usadas pelo ativista de direita James O'Keefe e pelo presidente-executivo da MyPillow, Mike Lindell - e cada uma delas apresentava uma mensagem de "conta suspensa" esta sexta-feira.
O antigo presidente elogiou, através da sua rede social, Truth Social, a confirmação do negócio por parte de Elon Musk.
"O Twitter está agora em mãos sãs e não será mais administrado por lunáticos e maníacos da esquerda radical que realmente odeiam o nosso país", sublinhou o republicano.
Logo no início do dia vários órgãos de comunicação social norte-americanos ecoaram a notícia de que o rapper Kanye West -- agora Ye -- tinha recuperado o acesso à sua conta.
O Twitter decidiu suspender o perfil do cantor no início de outubro após a reprodução de comentários antissemitas.
No entanto, ao final do dia de sexta-feira não havia evidências que sugerissem que o estatuto da conta de Ye tivesse mudado.
Musk -- diretor-executivo da Tesla e da SpaceX -- concluiu a compra do Twitter por um valor de 44 mil milhões de dólares (valor semelhante em euros) e demitiu os principais gestores.
Desta forma, os acionistas da empresa vão receber 54,20 dólares (cerca de 54,4 euros) por cada ação e a rede social passará a ser propriedade do filantropo.
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