Startup que monitoriza qualidade do ar procura parcerias em Portugal

A Atmo, 'startup' que criou um dispositivo portátil que monitoriza a qualidade do ar, está na Web Summit a mostrar a sua solução e à procura de mais parcerias em Portugal, afirma à Lusa a presidente executiva.

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Lusa
04/11/2022 08:47 ‧ 04/11/2022 por Lusa

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Web Summit

"Definitivamente, essa é uma parte do nosso objetivo aqui na Web Summit, estamos à procura de mais parceiros", depois da construtora Casais, avança a presidente executiva (CEO) e cofundadora da Atmo, Vera Kozyr, que vive em Portugal desde maio, tal como o cofundador Igor Mikhnenko.

A Atmo assume-me como a primeira tecnológica a criar o primeiro dispositivo portátil de monitorização de ar, em 2016, o Atmotube.

"Originalmente da Califórnia", a Atmo abriu "um ramo aqui em Portugal" em maio e agora o objetivo é avançar "no mercado europeu", conta Vera Kozyr, que relata como surgiu este projeto.

A ideia de criar o dispositivo - numa primeira fase dirigido ao mercado do consumo (B2C) e recentemente também direcionado ao empresarial (B2B) - surgiu há algum tempo, entre viagens.

"Estávamos a viajar pelo mundo e questionámo-nos o que estava no ar que respiramos" e "apercebemo-nos que não havia ferramentas para medir", explica Vera Kozyr, à margem da Web Summit.

E porque tanto ela como Igor Mikhnenko estavam no negócio de 'hardware', "sempre a construir produtos à medida" - Vera Kozyr trabalhou na Motorola em Chicago -, decidiram utilizar todo o seu "'background'" [conhecimento] e "criar um produto segundo o qual seria possível monitorizar a poluição, saber se é seguro respirar o ar que está à volta e melhorar a qualidade" do mesmo, relata.

Assim surgiu o primeiro Atmotube - um dispositivo portátil que monitoriza a qualidade do ar -, que pode seguir na mala de mão para todo lado e que transmite a informação em tempo real para o telemóvel (é preciso descarregar a aplicação Atmo) e até manda notificações sobre a qualidade do ar de onde se esteve e que tipo de ar se respirou, refere a CEO.

Em suma, o aparelho apresenta um conjunto de parâmetros que permite avaliar a qualidade do ar, quer num espaço fechado, como na rua. Só este ano, a tecnológica vendeu 1.000 unidades no mercado português.

Os fundadores desta solução tecnológica sublinham que a maior parte das vezes as pessoas manifestam grandes preocupações sobre a qualidade do ar na rua, mas não dão a mesma relevância quando se trata dos interiores, espaços onde se passa a maior parte do tempo, quer em trabalho, a viver ou até em lazer.

Este dispositivo "ajuda a aumentar a consciência geral sobre a qualidade do ar no mundo", defende Vera Kozyr.

O negócio arrancou "por volta de 2015" e até agora "está a correr bem", afirma Igor Mikhnenko, que não revela dados sobre o investimento inicial, referindo tratar-se de uma empresa privada que foi financiada pelos próprios fundadores, sem recurso a investidores.

"Vendemos dezenas de milhares de dispositivos por ano", afirma, referindo que "há um ano" avançaram com a aposta no segmento B2B.

Atualmente, a Atmo vende produtos "em mais de 50 países", diz Igor Mikhnenko, salientando que o negócio "cresceu três vezes no ano passado", um ritmo muito semelhante ao de 2022.

Questionada se tem empresas interessadas nesta solução, Vera Kozyr diz que "sim" e que há um potencial de mercado.

"Trabalhamos com escolas, universidades, com promotores imobiliários e até temos um cliente aqui em Portugal, Casais, estão a instalar estes dispositivos nos seus edifícios", salienta a CEO.

Igor Mikhnenko aponta a Bluway, da Casais, área de negócio que se preocupa com as questões ambientais, que encomendou "vários dispositivos da Atmo" e que estão a pensar implementá-los nos seus futuros clientes.

E o objetivo para o mercado português? "Primeiro, decidimos viver aqui", começa por dizer Igor Mikhnenko.

"Pessoalmente gostamos em geral de Portugal, há uma bonita consciência ambiental" e, neste momento, a Atmo está "explorar" as oportunidades, nomeadamente por causa de Cascais, autarquia que tem uma preocupação ambiental e onde vivem.

Esta é uma área de negócio de "grande oportunidade", nomeadamente no que respeita à construção, já que atualmente apenas "0,5% dos edifícios" em todo o mundo têm instrumentos de monitorização da qualidade de ar, salienta Igor Mikhnenko.

"Acho que dentro de 10 anos pelo menos um terço dos edifícios vão ter monitorização da qualidade do ar" na Europa, acrescenta a CEO, que espera que essa tendência depois se alargue a todo o mundo.

Atualmente, os dispositivos são produzidos na China, "mas estamos a pensar em mudar", admite o confundador, salientando que Tailândia é uma hipótese alternativa.

"A nossa equipa é distribuída, temos pessoas nos Estados Unidos, China, Índia, Sérvia, Arménia e Ucrânia", conta.

À pergunta se procuram também investidores na Web Summit, Igor Mikhnenko é perentório a dizer "não".

E explica que o propósito deste negócio não é ter um "papel convencional", nem ficar condicionado por metas impostas por investidores.

"Não estamos à procura de um papel convencional neste negócio, o objetivo é o aumento da consciência sobre a qualidade do ar e, em segundo, nós queremos, para os dados da qualidade do ar, ser uma espécie de 'commodity', como um direito básico", explica.

"Entrar na atmosfera 'venture' tinha de mudar estes objetivos, mais receitas, vendas mais agressivas", por isso "preferimos continuar esta nossa meta não convencional", defende Igor Mikhnenko.

Os dispositivos da Atmo podem ser encontrados na plataforma da Amazon e na página de Internet Atmotube.com.

A Web Summit, que arrancou na terça-feira, termina hoje, com a sua sétima edição a atingir o seu máximo de capacidade com 71.033 participantes de 160 países, com o maior número de sempre de 'startups' e de investidores.

Leia Também: Web Summit. "Figuras significativas" pediram para cancelar Noam Chomsky

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