"O que estamos a tentar fazer é, no fim de tudo, otimizar o consumo de energia. Do lado do dispositivo, da coisa que está no mundo físico, seja ele um sensor colocado numa caixa para medir, por exemplo, acessos indevidos a essa caixa, seja na 'cloud' [nuvem], nos algoritmos que estamos a fazer para processar estes dados", disse à Lusa o professor da Universidade do Minho Jorge Cabral, um dos responsáveis pelo projeto.
Já Pedro Machado, responsável pela área de 5G e Inovação da NOS, explica que a ideia do consórcio que envolveu um investimento de 8,9 milhões de euros surgiu do debate com "um conjunto de empresas" que vieram a participar.
O consórcio Link4S - sendo o S de sustentabilidade - é liderado pela NOS, tendo como copromotores a Mobileum, Exatronic, REN, Portgás, Wyze, Beyond Vision, CEiiA, DTx -- Digital Transformation CoLAB, INL e Universidade do Minho.
A ideia foi aproveitar uma "janela de oportunidade para desenvolver soluções inovadoras, que pudessem não só acrescentar valor ao tecido empresarial português, mas também construir soluções que fossem propriedade intelectual e de cariz português", apontou.
O académico Jorge Cabral explicou à Lusa que a Internet das Coisas (Internet of Things, IOT, em inglês), hoje utilizada em tecnologias como a inteligência artificial ou a realidade aumentada, implica que seja extraída informação "recorrendo a algoritmos, e esses algoritmos podem ser mais ou menos inteligentes".
"Qual é o problema desta solução? É que nós, neste momento, temos muitos milhões destas coisas, destes dispositivos ligados à internet, e então a quantidade de dados que nós enviamos é enorme", explica Jorge Cabral, referindo que isso tem "custos" ao nível do processamento, do armazenamento e de energia.
Para Jorge Cabral, "a solução 'standard' que é apresentada para IOT não é sustentável", daí a necessidade de recorrer ao 5G para tornar a transmissão de dados mais inteligente, gerando menos sobrecargas.
No caso do consórcio Link4S, foram testadas, por exemplo, soluções de 'chips' e processadores em infraestruturas de gás da Portgás, ou de eletricidade, da REN, mas também em projetos de mobilidade.
No caso da Portgás, foi possível "detetar intrusões, quando é que é feita a manutenção, quando se abre uma tampa", ou mesmo "inundações lá dentro, quando há desvios de temperatura ou de humidade significativos", bem como "pequenas fugas" de metano, permitindo "mandar alarmísticas" às empresas para reparação, segundo Jorge Cabral.
Já na REN, o projeto permitiu "monitorizar torres de muito alta tensão" ao nível, por exemplo, de vibrações, mas também "se há algum problema com a passagem de energia nos cabos subterrâneos" que alimentam as cidades.
Relativamente a projetos de mobilidade, Pedro Machado explicou que num projeto de partilha de bicicletas da Wyze "foram colocados um conjunto de sensores" que "mediam em tempo real" percursos realizados, "conseguindo calcular dessa forma não só o que é o impacto na sustentabilidade, mas a redução da pegada carbónica".
Já outro projeto, envolvendo a Beyond Vision, envolveu a aplicação de sensores em drones de transporte de encomendas, pretendendo "atingir a mesma sustentabilidade e reduzir a mesma pegada carbónica".
Jorge Cabral ressalvou ainda que os dispositivos desenvolvidos no projeto "têm uma grande vantagem, ao consumirem muito menos energia do que é normal" ganham também longevidade, tendo "uma duração prevista de 10 anos", ao invés de meses ou poucos anos, exigindo também menos manutenção.
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